Virgínia Borges: o pioneirismo na beleza da mulher montealtense

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Nesta coluna, tenho procurado escrever a história das pessoas e automaticamente escrever também a história da cidade. Lembro-me das palavras do sábio e verdadeiro pesquisador de Monte Alto, saudoso Luiz Carlos de Vicente, que após entrevistá-lo, me disse: ‘Escrevi livros sobre a história de Monte Alto, porém, nunca ninguém escreveu a minha história, o que você fez. Sabe Alencar, que quando contamos histórias de uma cidade, por meio de seu povo, ela se torna perfeita, e isso você está fazendo agora”.
Baseado neste pensamento, do nosso historiador, procuro como jornalista, contar sobre a vida das pessoas, seja ela nascida aqui ou não, pois para mim, “o verdadeiro filho da terra, não é só o que nela nasce, mas principalmente o que por ela trabalha”. Tenho constatado que cada vez que entrevisto alguém, ele narra a sua história e sempre um pouquinho da história da nossa querida Cidade Sonho.

Virgínia Rosa Cândido Borges, nasceu em São Paulo no dia 10/07/1943. Tem dois irmãos: Marquinhos (in memoriam) e Marcelo. Casou-se em 1958 com Pedro Borges e da união nasceram os filhos: Carlos Alberto, Lena e Leila. Tem oito netos: Yasmin, Yuri, Ícaro, José Eduardo (Tico), Leonardo, Leandro, Marina e Marcos, e seis bisnetos. Estudou até o 4º ano na Escola mista, localizada em uma Fazenda no município de Paulo de Faria. “Meus irmãos moravam nesta cidade, e meus pais resolveram mudar para lá”. Casou-se pela segunda vez com Osvaldo Amato.

Primeiro Emprego – “Vim para Monte Alto em 1962, em minha adolescência eu cuidava dos afazeres domésticos. Nos anos 70, comecei a perceber que era muito importante investir na beleza e vaidade da mulher. Foi então que resolvi me dedicar à profissão de costureira, em seguida, aprofundando mais no que a mulher mais gosta, fiz cursos de cabeleireira e manicure. Meu primeiro salão era no antigo Armazém do Braz Florenzano, onde hoje é o O Boticário. Lembro-me que não tinha água suficiente para trabalhar, e quando chovia havia goteiras no local; eu trabalhava mais de 12 horas por dia, com o salão lotado de clientes, pois naquele tempo, na cidade, o primeiro salão comercial foi o meu, então era muito procurado pelas mulheres de modo geral. Em 1982 eu e minha filha montamos uma filial em Taquaritinga, a Lena ficou em Monte Alto e eu fui para lá, onde permaneci por 20 anos. Voltei para Monte Alto há 10 anos, e estou neste salão há seis”.

Costureira dos anos 70 – Os anos 70 ficaram conhecidos pelas mudanças na moda de forma geral. Foi o auge da minissaia, em que as mulheres se tornavam muito sensuais, porém Virgínia fez questão de frisar que não aderiu a este segmento de trabalho. “Nada contra, mas procurei me dedicar à moda tradicional, porém moda. Eu costurava para as moças irem às festas em geral, principalmente à Festa de Agosto, que era realizada na praça central. Naquela época os modelos mais usados eram vestidos com muitos babados, além das camisas Jabô, que também eram acompanhados de babados na gola em formato ‘v’”.

Pioneirismo – “Muitas pessoas me param na rua e dizem: ‘Virgínia, você que me arrumou no dia do meu casamento’. Eu fiz parte do dia da noiva na geração de mãe pra filha e até netas. Ouvir este reconhecimento não tem preço, é uma honra poder colaborar com o dia tão importante para uma mulher”. Virgínia relatou a este colunista, que na época da Festa de Agosto, as mulheres iam ao salão de madrugada para arrumar o cabelo, eram feitos penteados diferentes, usavam-se faixas, topetes e coques altos. “O método da escova aqui na cidade foi iniciado por mim e pela minha filha Lena. Os penteados eram pedidos de acordo com a roupa que ia ser usada. Para um traje social, cabelos presos; trajes mais esportes, cabelos soltos, o importante era que nossas clientes saiam satisfeitas com nosso atendimento”.

CABELO AFRO – “No fim dos anos 60 e começo dos anos 70, a moda do cabelo afro era muito comum. Eu atendia muita gente no salão com os cabelos blackpower, e fazia penteados lindos. Hoje, infelizmente, muitas mulheres que possuem cabelo crespo preferem o alisamento, usando várias técnicas, nem sempre saudáveis para o cabelo”.

Fato inusitado – “Na época em que meu salão era descendo o Banco Bradesco, ocorreu uma chuva muito forte que destruiu o forro de lojas e também do meu local de trabalho. O dia estava sendo preparado para um concurso de Miss, e em meu salão havia 20 meninas fazendo penteados para o evento, entretanto precisei levá-las para minha casa, passei um transtorno pela acomodação das clientes e naquele momento, pela falta de condições para o trabalho, dificultando nossa missão, porém, ela foi cumprida e deu tudo certo”.

Mensagem – “Falo para os jovens que estudem e se esforcem para realizarem os objetivos. Sem o estudo não conseguimos nada. Lutem para um futuro melhor”.

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