Nesta edição, irei falar sobre uma importante personagem de Monte Alto, que me recebeu em seu apartamento, acompanhado de seu ex-aluno, Satyro. Trata-se de Dona Carmen Pérez Nunes, nascida no dia 08/02/1926, em Penápolis. Filha de José Antonio Pérez Martinez e de Carmen Ramos Matheus, tem cinco irmãos, todos in memoriam: Bernardina, Tereza, Francisco, além dos gêmeos, José e Dirce. Iniciou os estudos em Marília, onde fez até o Ginasial. Cursou Letras Neolatinas na USP, em São Paulo, especializando-se em Francês e Espanhol. Casou-se em 1956 com Izidoro Nunes, que era piloto de avião, e proprietário da única aeronave da cidade, tendo-o conhecido em uma festa no Monte Alto Clube. Tiveram dois filhos: Cileneu José e Ciomara Maria e é avó de quatro netos: Leonardo, André, Ugo e Mariana.
Primeiro Emprego – “Comecei a lecionar em São Paulo, dando aulas de Português e Francês, e também em Marília. Vim para Monte Alto em 1948, e dei aulas até minha aposentadoria, no ano de 1980. Lembro-me de alguns colegas de sala de aula: Maria Aparecida Fonseca, Magda Puccini, Zaruhi Hazarebedian, Luiz Carlos de Vicente, entre outras…” D. Carmen cita alguns alunos que traz na lembrança, entre eles, Rinée Bahdur, Elias Bahdur, D. Amelinha e Fernandão Freire, Dr. Cáprio, Dr. Fauze Haddad, Miro Haddad, Carminha Nunes, Zaruhi e o marido Ademar, Matilde Pisco, entre outros.
Primeira professora de Francês em Monte Alto – “Os alunos eram espetaculares, me ajudaram muito em conhecimento e experiência. Eles se dedicavam bastante às aulas de Francês; destaco o Fernando Freire de Andrade, o Fernandão, ele era muito engraçado, estava sempre à frente nas organizações dos eventos. Lembro-me também do Miro Haddad, o apelidaram de “Deus”, pois sempre estava em tudo que fazíamos. Criei uma turma de teatro que apresentávamos pela região. Íamos com caminhão com todos os equipamentos que ficavam no palco. Para diversificar as aulas, eu ensinava algumas músicas francesas e pedia para que os alunos fizessem biquinhos para pronunciar o idioma”.
Apresentações na Escola Dr. Luiz Zacharias de Lima – “Lembro-me do Jogral sobre a Paz, apresentado no Salão Nobre da escola, lá pelos anos 60, foi inesquecível. Falando sobre a paz, quero deixar registrado aqui o pensamento de Mahatma Gandhi, que diz: “Nós devemos ser a paz que queremos ver no mundo”. Para ter a paz, em primeiro lugar, precisamos promover a paz.
Além disso, nós, professores da época, fizemos exposições sobre a mata Amazônica com p
ersonagens do folclore: Iara, Saci Pererê, Boi Tatá, e outros… Eram apresentadas várias peças teatrais”.
Participação no Lions Clube – “Sempre estive com meu marido nas festividades do Lions Clube. Sua posse como governador L17, que era denominado na época, foi em Tóquio, no Japão, fomos até lá, com outros integrantes do Lions. Além disso, ele foi um dos ajudantes para a construção da sede do clube”. D. Carmen fez questão de destacar o trabalho do Sr. Hermes Pelloso, quando foi construída a nova sede, na época. Outro fato, também interessante, ela conta que o Sr. Hermes adaptou uma cozinha no fundo de um ônibus, que havia de tudo, e juntamos vários casais Leões e viajamos por todo o Nordeste. “Foi uma época memorável e inesquecível”, completa.
Viagens para a França – D. Carmen contou a este colunista que, além de ser professora da língua, teve a oportunidade de conhecer a cultura francesa, pôde aprender mais sobre este país, o qual visitou com seu esposo e também relatou que era muito comum suas idas ao Consulado Geral da França, em São Paulo, onde buscava sempre conhecimentos, novidades para trazer e implantar em suas aulas.
A doutrina Espírita – Professora Carmen, falou sobre a crença espírita, da qual faz parte. “O codificador da doutrina espírita foi Allan Kardec. Um grande estudioso que foi atrás dos fenômenos que sempre ocorreram na humanidade. O espiritismo não nasceu na França, estava presente desde a existência do homem. Allan Kardec aprofundou-se no conhecimento humano, da nossa constituição, que somos corpo e espírito, imortal, que continua infinitamente vivo. Aqui em Monte Alto, destaco os nomes que me apoiaram quando resolvi seguir o espiritismo: Zé Oliveira ‘Zé do Monte’, José Giancotti, Neuclair Fernandes e José Augusto Pinheiro, que fazia um programa na Rádio Cultura”. Também participou de várias feiras e exposições de livros espíritas, tendo a primeira feira sido realizada ao lado da Padaria Delícia.
Lá Marsellaise – A pedido deste colunista, a Professora Carmen, cantou um treco do Hino da França, “Lá Marsellaise”, e o traduziu para o Português.
Mensagem – Encerrando a entrevista, Dona Carmen deixou sua mensagem em francês e a traduziu para o português: “Aimez toujours, parce que la Vie est L’Amor”. Tradução: “Amem muito, para sempre, pois o Amor é Vida”.