Todo dia ao amanhecer abro a janela
e procuro
no meu pequeno espaço de quintal
as minhas plantas.
O alecrim, o boldo, a erva-cidreira,
o bico-de-papagaio, o quebra-pedras, o bálsamo
e digo para elas
do meu agradecimento.
A natureza colocou à nossa disposição
remédios para todos os males…
O casal de maritacas da beirada do telhado
numa gritaria infernal,
saúda-me.
Aviso-os para que se cuidem,
os gatos estão de olho…
É a lei da selva.
Nasce o sol
riscando o céu azul
de alaranjado quente,
de amarelo, de violeta.
É a grande tela de Deus
de criatividade imensa…
E lentamente, tudo se dilui
ficando tão somente o azul tão claro,
talvez da cor dos olhos de Maria…
Fecho a janela, e já posso começar o meu dia,
pois um café brasileiro exala seu perfume
pela casa inteira.
Depois é a correria,
o cansaço bendito…
Mas à noite, na esperança de outro dia,
o sono vem
e me embala como se embala
um justo.
Morrer, dormir, talvez sonhar,
quem sabe?…