A cada dia que passa, a escassez do intelecto do ser humano vem se tornando degradante. Quando eu me refiro à situação, quero dizer que a sociedade na qual vivemos, hodiernamente, está defasada do pensamento crítico, da construção de argumentos, das questões culturais e sociais. Sabe aquele pensamento contemporâneo dito por um cidadão provido de conhecimento de mundo que diz: “ tava ruim, tava bom, mas parece que piorou”. Pois é! Seriam cômicas se não fossem trágicas as ironias da vida, das falácias e do comportamento. Por aqui, além da bandidolatria, existe futilolatria: capacidade que esta sociedade ignóbil tem de idolatrar pessoas que não acrescentam e nem agregam nenhum tipo de valor ou conhecimento para melhorar o nosso eu.
Toda vez que vejo algo fútil se destacar, percebo que não estou – graças aos livros e à minha vivência como ser integrante desta mesma sociedade – compactuando com as imbecilidades. Dou um riso de canto de boca, entretanto, ao mesmo tempo, lamento-me com tamanha futilidade. E isso não está apenas na capacidade do intelecto, mas sim nos comportamentos vazios sobre o amor, sobre empatia e sobre a solidariedade. Percebo, às vezes, certa impaciência para determinadas situações que me trazem. Fúteis, é obvio. Todavia, eu ajo com respeito e gentiliza, porque se me explanam assuntos com conteúdos frívolos, eu seria totalmente desprovido deste mesmo intelecto se eu não os ouvisse, pois humildade, gentileza e empatia também fazem parte da construção da sapiência.
Há uma frase de Sandra Carey que diz: “Não confunda jamais conhecimento com sabedoria. Um o ajuda a ganhar a vida; o outro; a construir a vida”. A sabedoria, creio eu, vem das decepções, das perdas e das frustações que passamos. É preciso passar pela dor para aprender sobre a vida. Isto é sabedoria. Quando atrelada ao conhecimento que adquirimos nas leituras, a gente se blinda contra qualquer mal que tenta se aproximar. Todavia, uma sociedade que se constrói numa realidade baseada em redes sociais, onde há um alto teor de mentecaptos que vivem numa verdadeira utopia, não está preparada para discernir sabedoria do conhecimento. Primeiramente, porque não leem; segundo; porque não vivem. Entre o ler e o não viver, o que me preocupa é o segundo. Quem não vive a realidade plena, nunca estará preparado para um futuro pródigo. Os verdadeiros leitores são aqueles que vivem, pois encontram nos livros a fuga de uma realidade ardente. É por isso que não temos tantos. Há mais uma necessidade de mostrar as utopias do que a realidade que se vive. As pessoas estão mortas por dentro. São corpos que vegetam numa contemporaneidade de imbecis.