URNA & CÉDULAS LTDA.
A eleição é uma inutilidade necessária na política de Estado. As eleições são o modelo mais prático de participação popular no processo de poder, essa praticidade compromete a autenticidade, fazendo com que diante da urna o eleitor renuncie à cidadania real para perder nas manobras políticas, tornando-se uma marionete no enredo da governabilidade, que diga-se, exerce poder que não tem de fato. O povo no processo é um fantoche. Um candidato a qualquer cargo, para ser candidato, teria no mínimo de se submeter a um curso e participar de simulados inerentes ao cargo específico pretendido, para ser credenciado a ser votado, um processo semelhante à habilitação para dirigir veículos a motor de combustão.
As eleições, tal como são atualmente, não expressam com vigor a vontade do eleitor. Noutra ocasião manifestamos uma opinião, que é um retrato da realidade, caso uma eleição seja repetida no dia seguinte, o resultado seria diferente, porque o eleitor, na realidade não vota, ele coloca o voto na urna, atualmente através da digitação eletrônica. Imediatamente, na saída da sessão eleitoral, se perguntado em que candidato ele votou, a resposta será: – hi! esqueci!
O eleitor moderno sabe escolher a marca de cerveja que bebe, a escalação do time que torce no futebol e o ano que foi campeão, consegue relacionar todas as peças do seu carro ou da moto, não sabe, porém, o candidato a prefeito e vereador da sua cidade, que votou na última eleição.
(Acredite: nosso eleitor sabe o nome de todos os ministros do STF, que não foram eleitos – foram indicados – PS: não riam!).
MADUREZA
Um documento credencia o cidadão a votar e ser votado, o Título de Eleitor. Conforme o próprio nome identifica-o, é um “Título”. O Estado emite o documento e após o processo burocrático do Poder Judiciário, cessa a responsabilidade do Tribunal Eleitoral, tornando o Título um certificado oficial que fecha o elo entre o Estado e o Cidadão. Quem vota é cidadão, quem não vota é participante.
A emissão do Título de Eleitor simples e prática, não exige do seu portador nenhuma especialidade intelectual, basta ser alfabetizado básico, o famoso “assinar o nome” que pode fazer uso em qualquer eleição pertinente à sua região. Enfim – um título cujo portador tem direitos inerentes à cidadania sem que tenha se submetido a provas de qualquer natureza, política, social e patriótica. Votar sem documento fundamentado no conhecimento da realidade do elo cidadão/estado – não é direito – é dádiva!
CONTEÚDO
Se as pessoas soubessem como são feitas as salsichas e as leis, não comeriam as primeiras e não obedeceriam às segundas.
MANUAL DO VOTO
Na política partidária não existe uma regra que ensina votar. O pobre eleitor de posse de seu título, que o habilita a votar legalmente, porém, se comprometendo como cúmplice do futuro acordo do seu candidato, enfim, o eleitor selecionou com todo apreço o candidato específico exatamente porque ele está ausente do compromisso com os demais, fazendo acordos partidários segundo ele, para facilitar a governabilidade. Um acordo corriqueiro sempre feito e nunca cumprido, é o famoso “você me apoia esse ano que no ano que vem eu apoio você”. Tudo fica perfeito, uma negociata que ultrapassa os limites da decência, levando o eleitor a deduzir que todos os políticos são iguais perante os quadros partidários.
CÂMARA MUNICIPAL
Nas prefeituras municipais que no Brasil atingem o número de 5.770 cargos a prefeito e outros tantos de vice, que por via de regra integram o secular acordo, você sai de vice agora depois saio eu, com isso ficamos no poder oito anos, havendo reeleição, podemos chegar aos 16 anos no topo. Tudo legal – legalmente legal – vide a constituição.
Igual ao número de prefeitos e vices, se posiciona a Câmara Municipal, que no Brasil tem no mínimo nove vereadores cada uma. Se uma cidade tem cinco mil habitantes, ela terá nove vereadores. A tal Câmara elegerá um presidente e o resto da mesa, os fora dessa mesa necessariamente para a aprovação dos projetos de leis, pelo sistema de maioria, sempre negociada, na base aprovo o seu que eu aprovo o meu. Temos que reconhecer que a democracia é observada em tais casos, porém, negociata na base da vantagem.
Voltamos um pouco ao poder executivo, o poder municipal representado pelo prefeito, tende a pertencer no mesmo partido do presidente da república, do governador do Estado, do presidente da assembleia legislativa, da câmara federal, do senado e até do presidente do partido no poder. Fosse na Itália, o nome desse sistema seria bem outro, até mais apropriado!
POLIS REFORMA
Urge no Brasil uma ampla reforma política que atinja piso, teto e paredes. Consciente dessa necessidade, nossas casas legislativas, vez ou outra, fazem uma retocada, ou seja, passam um verniz e prorroga o tempo passando por cima do alicerce e da fundação do prédio estrutural e acaba saindo o famoso “puxadinho” que emenda o nada ao lugar nenhum.
Como para a próxima eleição não haverá mudanças, no voto, na eleição, no candidato e no sistema, convidamos o eleitor a votar no que tem na mão, vai errar, como sempre, elegerá um governo para nos desgovernar, galgará o poder sempre os mesmos, o que transformará o país em uma “ditadura legal” eleita pelo voto popular perpetuada pela “democracia”.