Celebrado em 8 de outubro, o Dia do Nordestino é uma data que homenageia a cultura e a história da região Nordeste do país, valorizando sua rica diversidade cultural e tradições. O dia 8 foi escolhido em referência ao centenário do poeta, cantor e compositor cearense Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como “Patativa do Assaré”.
Em celebração à data, O Imparcial conversou com um nordestino que, apesar de viver em Monte Alto há 54 anos, mantém forte conexão com suas origens: Carlos Alberto de Alencar. Natural de Fortaleza (CE), cidade que ele conta ser conhecida como a “loura desposada do sol”, Alencar falou sobre suas raízes e a importância da identidade nordestina em sua trajetória de vida.
Para ele, Monte Alto é sua casa, a cidade onde construiu sua vida. “A terra da gente não é só aquela em que a gente nasce, mas também a que a gente escolhe para viver. Eu escolhi Monte Alto para viver, essa cidade é minha vida”, ressalta. Aqui, relembra dos vários times em que jogou futebol e também da turma de seresteiros, formada nos anos 70.
Contudo, sua trajetória não foi fácil. Ao chegar em São Paulo, conta que sofreu com preconceitos e discriminações, tanto na capital quanto no interior. Uma das histórias que conta é de quando fez um teste de emprego em uma companhia telefônica. Avançando nas etapas de seleção, a vaga ficou entre ele e um rapaz do Paraná. Apesar de ser muito qualificado e comunicativo, o fato de ser nordestino fez com que o gerente preferisse o paranaense.
Apesar disso, nunca negou suas origens e, nos momentos de dificuldade, sempre lembrou-se de sua história e de suas raízes. “Minha identidade nordestina foi fundamental para eu ser o único vereador eleito pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em Monte Alto, uma cidade conservadora. Isso porque muitos conterrâneos que vivem aqui votaram em mim”. Na época, há cerca de 14 anos, Alencar teve mais de mil votos, sendo um dos vereadores mais votados.
Alencar conta também que foi o primeiro a apresentar um programa dedicado à cultura nordestina, na Rádio Cultura, há 40 anos.
“Tenho muito orgulho em ser nordestino, porque acho que minhas raízes me fortaleceram para eu viver até agora aqui e vencer tantas barreiras, preconceitos e dificuldades”, conta Alencar. Para ele, a frase “o homem é como uma planta: quando tem suas raízes fortes, cresce firme”, resume sua visão sobre sua identidade.
Apesar de viver longe de sua terra natal há muitos anos, mantém suas origens visitando o Nordeste sempre que pode e tocando instrumentos musicais típicos da região.
Resiliente, em suas palavras demonstra o orgulho de ser nordestino e a força que essa identidade lhe proporcionou. “Eu sou cabra da peste, eu vim do Nordeste e não posso me abalar”, costuma dizer.