Conhecida por sua riqueza em fósseis do Cretáceo brasileiro, a região de Catanduva revelou mais um personagem pré-histórico: o Epoidesuchus tavaresae. A nova espécie de crocodilo foi identificada a partir de fósseis descobertos por Fernando Doro e o saudoso Edvaldo, nas imediações da cidade.
O nome revela um pouco da história do animal: o termo Epoidesuchus pode ser traduzido do grego antigo como “crocodilo mágico”, uma referência ao fato de Catanduva ser conhecida como “Cidade Feitiço”. Já o epíteto, tavaresae, homenageia a paleontóloga Sandra Tavares, do Museu de Paleontologia de Monte Alto, onde os espécimes foram depositados após sua descoberta.
Os novos materiais resumem-se principalmente a partes do crânio e mandíbula do animal, considerado uma forma de Notosuchia com rostro alongado, diferente o suficiente para ser tido como um novo gênero e espécie. O Notosuchia é um grupo de animais pré-históricos relacionados aos crocodilos e jacarés atuais.
Além da descrição do Epoidesuchus tavaresae, também foi conduzida uma análise filogenética com a finalidade de entender as relações evolutivas dessa espécie com outros Notosuchia. A análise indicou uma proximidade com outras espécies de rostro alongado, denominadas no trabalho como Pepesuchinae.
Na história dos crocodilos, um rostro alongado geralmente está associado a hábitos aquáticos. As novas informações sugerem que, em um ambiente particularmente rico em espécies de Notosuchia, espécies como o Epoidesuchus estariam em processo de adaptação à ocupação de ambientes aquáticos.
O trabalho acadêmico foi encabeçado pelo paleontólogo Juan Ruiz e envolveu pesquisadores e alunos de pós-graduação da UNESP Ilha Solteira, UNESP São José do Rio Preto, USP São Paulo, USP Ribeirão Preto, Museu de Paleontologia de Uchoa e University of Tubingen, na Alemanha.