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Manoel Pereira: a história de um bravo

 

 

Manoel Pereira, nascido em 20/06/1930, na Fazenda do Gastão, em Jurupema, município de Taquaritinga. Filho de João Luís Pereira e Doroteia Coelho, ambos de naturalidade Portuguesa. Teve 13 irmãos, Casou-se por com Antonia Ramiro em 1951, com quem teve a filha Maria Doroteia. Em 1954 ficou viúvo e casou-se pela segunda vez com Lúcia Verona Pereira no ano de 1966.

 

A vinda para Monte Alto – Em 1938, mudou-se para Monte Alto. Seu pai trouxe a família e veio trabalhar no sítio dos Oliveira, no bairro Anhumas. Trabalhou com Joaquim de Oliveira e Ascêncio de Oliveira até o ano seguinte. Depois foi trabalhar na Cachoeira dos Martins, na fazenda do Costa Mello, no sítio do Domingos Gonçalves.

 

O primeiro emprego – “Comecei a trabalhar com oito anos de idade, no sítio da Anhumas, lá plantávamos tomate, algodão, café. Meu pai ia gradear a terra e eu ia na frente puxando o burro para que ele não escapasse. Para você ter uma ideia, eu não tinha nem calçado, então meu pai pegava uma palha de milho e amarrava em meus pés, para que a terra quente não me queimasse. Estudei só até o terceiro ano. Lembro-me da minha professora D. Maria Rossi, na escolinha da Anhumas. Me recordo que naquela época eu não tinha nem um lanche para levar, eu admirava a educação de todos. Quando a professora chegava na porta, todos os alunos levantavam em respeito, para recebê-la. Meus amigos de infância eram os Oliveira, o Melvis, o Ivo, o Luis, Nelo, Manoel, Mário”.

 

Época do mamão – “Em 1949, 1950 e1951 plantei muito mamão com meu pai, na Cachoeira dos Martins. Naquele tempo, para você ter uma ideia Alencar, tinha em média 30 caminhões por dia que carregavam mamão para São Paulo. Monte Alto era conhecida como a terra do mamão, tanto que existia até a festa do mamão”.

 

Tempos muito difíceis- “Em 1954, a minha primeira esposa ficou doente e gastei muito com o tratamento dela. Infelizmente, neste ano, ela veio a falecer e eu fiquei devendo para muita gente. Na época eu tinha uma roça de tomate, que dava para pagar todas as minhas dívidas, mas por uma fatalidade, veio uma chuva de granizo, e destruiu toda a minha lavoura, perdi tudo, perdi a esposa, a plantação… fiquei somente com minha menina, a Maria Doroteia. Aí vim para a cidade, trabalhar com meu cunhado Grecco, como ajudante de caminhão. Viajava a noite toda até São Paulo para descarregar o caminhão e naquele tempo o asfalto começava em Limeira, até lá era só estrada de terra. Só que eu ganhava pouco e não estava conseguindo pagar as dívidas, aí voltei para o sítio e fui capinar, mesmo assim, não era suficiente. Depois, fui trabalhar como servente de pedreiro, trabalhei durante oito meses com o João Peloso. Em seguida, fui cortar cana, mas sempre ganhando pouco. Aí eu tinha amizade com seu Osvaldo Ulian, que trabalhava na CRAI e lá eu sabia que tinha uma serralharia que funcionava dia e noite, porque uma turma ia buscar tora no sítio e a outra cortava para fazer madeira, e em seguida eram feitas as caixas que embalavam os produtos do Comendador Castro Ribeiro. Eu trabalhava 12 horas por dia, muitas vezes eu ficava até 14 horas trabalhando, isto é, duas horas extras descarregando caixas de tomate, pois eu tinha minha filha ainda pequena para criar. Com este sacrífico eu consegui pagar as minhas dívidas, com muito trabalho. Hoje em dia, as pessoas querem ganhar muito e trabalhar pouco, e não é bem assim. Com a falência da CRAI, fui trabalhar na Indolma por um ano. Em meados de 1957, eu sai da indústria e passei morar com minha irmã Maria”.

 

A cebola – “Meu cunhado Manoel Pisco, me chamou para trabalhar com ele e foi então que comecei a mexer com cereais, principalmente com a cebola, que estou até hoje”.

 

A festa da cebola – “Naquela época, o pessoal não acreditava muito na cebola, só se plantava num lugar onde tinha brejo. Naquele tempo não se vendia em caixa, era por arroba e com a réstia. Ai passou o corte e surgiram as máquinas de classificar. Na festa, cada comprador de cebola fazia a exposição do seu produto. Sinto saudades dessa época”.

 

Saudades – “Lembro-me quando ainda na minha adolescência eu e meus irmãos catávamos algodão aos domingos de outros produtores, para ganharmos um pouco de dinheiro e comprarmos uma roupa para ir à procissão e na festa de Agosto, que naquele tempo participávamos todos os dias. Existiam muitas colônias nas fazendas, e nós nos reuníamos aos sábados e fazíamos baile a noite inteira, muitas vezes emendava até o amanhecer de domingo. Recordo-me também do ex-prefeito José Pizarro e Dr. José de Paula Eduardo, eram homens bons e honestos. Sempre votei em José Pizarro, ele era um homem muito bom e trabalhador; ele tinha tropa, e quando meu pai precisava de um animal de qualidade, procurava ele e ele dizia: “Seu João escolha o melhor animal (burro ou cavalo) e leve para o senhor.” E meu pai falava: “Mas eu não tenho dinheiro”. E ele respondia: “Não se preocupe, pague quando o senhor puder, leve o animal”. Ele fez isso também com propriedades, vendia e as pessoas pagavam como podiam, com a própria safra muitas vezes”.  

 

Mensagem – “O trabalho é gostoso e muito importante para a dignidade de um homem. Hoje, sou síndico do Edifício Monte Alto há 20 anos, estou com 85 anos e ainda trabalho. Por isso, digo aos jovens, que trabalhem, trabalhem, sempre com honestidade, esforço de vida e sem sonegação. O trabalho supera qualquer crise”. 

 

 

 

 

 

 

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