“Não estou resfriado, isso é apenas rinite”. Quantas vezes você deve ter ouvido essa frase de alguém que estava com coriza, nariz escorrendo ou espirrando constantemente? Sintomas como esse são comuns em doenças respiratórias, como a rinite alérgica.
Acreditando tratar-se apenas desse tipo de doença, um adolescente de 13 anos morreu devido a um tumor raro e agressivo denominado “rabdomiossacroma”. O caso ganhou repercussão em veículos de comunicação de todo o mundo.
Segundo o jornal britânico The Sun, o jovem Jake Winscoe estava com o “nariz entupido e olhos lacrimejantes”. No entanto, posteriormente, ele foi diagnosticado com o tumor já em estágio 3, considerado como muito avançado.
A mãe de Jake, Lynsey Winscoe, que vive na cidade inglesa de Wiltshire, relatou que, inicialmente, os sintomas de seu filho eram leves, o que a levou a crer se tratar apenas de uma rinite alérgica. Foi quando o pai do jovem, ao voltar do exército, após três meses sem ver o filho, notou algo estranho nele: um inchaço incomum na ponta de seu nariz, o que levantou algumas suspeitas.
Após um diagnóstico médico, Jake foi submetido às sessões de quimioterapia intensivas, seguida de terapia com feixe de prótons – um tipo mais preciso de radioterapia –, o que contribuiu para uma redução em 90% do tumor cancerígeno. Todavia, exames posteriores mostraram que o câncer havia se espalhado para a medula espinhal e para o fluido ao redor do cérebro, e que já não era possível mais tratar.
O QUE É? – De acordo com o A.C. Camargo – Cancer Center, o rabdomiossarcoma é uma espécie de tumor maligno que se desenvolve em músculos ligados aos ossos. Os sarcomas são cânceres que se avolumam a partir de tecidos conectivos, como os musculosos, gordurosos, membranas que revestem as juntas ou vasos sanguíneos. A doença é mais comumente encontrada em crianças e adolescentes.
A causa para o desenvolvimento do tumor ainda é desconhecida, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No entanto, ela pode estar associada a síndromes familiares, como a Síndrome de Li Fraumeni e a neurofibromatose, bem como de anormalidades congênitas que englobam o sistema urinário e sistema nervoso central. O A.C. Camargo ainda aponta o histórico familiar de câncer como outro fator para seu aparecimento.
O corpo humano é formado por três tipos de músculos: os esqueléticos (estriados ou voluntários), controlados para mover as partes do corpo e são inseridos sobre os ossos e as cartilagens; o cardíaco, que reveste o coração, e os músculos lisos, que estão presentes nos órgãos internos, como, por exemplo, nos intestinos, onde “empurram” o alimento e que não são possíveis de controlar.
A musculatura do tipo esquelética começa a se formar por volta da sétima semana de gestação, ainda no embrião, quando se desenvolvem os rabdomioblastos – responsáveis por dar origem aos músculos. São essas células que podem se tornar malignas e originar o rabdomiossarcoma. Por se tratar de um tumor de princípio embrionário, é muito rara em adultos e mais comum em crianças e adolescentes, com cerca de 85% dos casos sendo registrados nesse público.
SINTOMAS – Podem variar dependendo do local de origem do tumor. Geralmente inicia-se com a formação de uma massa indolor, que apresenta crescimento progressivo.
Outros sintomas incluem: proptose ocular (tumor orbitário, isto é, nas pálpebras ou não órbita); obstrução nasal, podendo haver secreção com sangue (tumor na nasofaringe/rinofaringe); obstrução do conduto auditivo médico, com a eliminação de pólipos ou secreção com sangue (tumor no ouvido médio); dificuldade para urinar ou presença de sangue na urina (tumor na bexiga ou na próstata), e aumento do volume da bolsa escrotal/testicular ou secreção vaginal com sangramento (tumor na bexiga).
DIAGNÓSTICO – Feito a partir de análise clínica e de exame físico completo. Exames de imagem ou laboratoriais podem ser solicitados para avaliar a extensão do tumor, bem como para entender se as células cancerígenas se espalharam para outras partes do corpo.
A rabdomiossarcoma pode ser tratada com quimioterapia, cirurgia e/ou radioterapia, partindo do ponto de origem do tumor. Diversos testes são feitos ao longo do tratamento para avaliar a resposta do câncer à terapia – isso serve, também, para avaliar um possível retorno da doença. Cerca de 70% dos pacientes sobrevivem por cinco anos ou mais, segundo o Inca.
O instituto indica, entre os exames que podem ser requeridos: tomografia computadorizada, ressonância magnética, cintilografia óssea, PET-CT, punção lombar, mielograma e biópsia de medula óssea.