Desde 1997, o dia 9 de julho é considerado um feriado no estado de São Paulo. A data foi instituída no calendário oficial pelo então governador Mário Covas, por meio da Lei Estadual nº 9.947. Algumas pessoas, no entanto, não têm a menor ideia do que é comemorado neste dia. Trata-se da Revolução Constitucionalista de 1932.
Este foi um movimento inspirado na revolta generalizada no estado paulista contra o governo de Getúlio Vargas, que assumira o comando em 1930, através de um golpe de Estado, depondo o então presidente Washington Luís, impedindo, desse modo, a posse de seu sucessor, Júlio Prestes. A partir daí, Vargas reduziu a autonomia dos estados brasileiros, determinou o fechamento do Congresso Federal, extinguiu os partidos políticos e designou interventores para governá-los a partir de seus próprios interesses.
A revolta eclodiu no dia 9 de julho daquele ano. Entre as reivindicações da população estava a criação de uma nova Constituição, devido ao fato de que Vargas anulara a Constituição Federal de 1891. O descontentamento era tamanho que gerou uma série de revoltas e protestos. Um deles aconteceu antes da referida data.
Em 23 de maio, no Centro de São Paulo, quatro estudantes foram mortos durante uma manifestação contrária ao governo Vargas. A morte de Mário Martins Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade – considerados mártires da luta social – deu origem ao famoso movimento MMDC, fundamental no desenrolar da revolução, principalmente para os manifestantes, que sofriam constantemente com repressões do Estado.
Mato Grosso e Rio Grande do Sul, também insatisfeitos com as ações do governo, apoiavam São Paulo no levante. Contudo, quando a revolução se iniciou, de fato, no dia 9 de julho, optaram por aliar-se ao governo de Getúlio Vargas.
Os confrontos entre constitucionalistas e getulistas, que pareciam longe de terminar, se estenderam até o dia 1º de outubro de 1932, deixando 934 mortos, sendo 634 constitucionalistas.
Embora os paulistas tenham saído “derrotados” do conflito, as demandas da revolução foram, por fim, atendidas quase que em sua plenitude, em 1933. A partir disso, uma assembleia constituinte propiciou a criação de uma nova Constituição Federal, a de 1934, o Congresso voltou a operar e os partidos políticos foram reativados.
Getúlio Vargas foi eleito, indiretamente, em 1934, dando fim ao chamado Governo Provisório, em vigor desde 1930.