Crianças são reflexos do seu meio e das pessoas que fazem parte dele. Refletem as emoções, os sentimentos, os conceitos, as dúvidas e os conflitos do mundo compartilhado com os adultos.
Estes adultos são, em um primeiro momento, os pais. Depois, todo o conjunto da família e, quando é o caso, o cuidador da criança (babá). Na fase escolar, independente da idade em que a criança passa a freqüentar esta instituição, o conjunto formado pelos professores e equipe também exercem influência sobre o comportamento, o desenvolvimento e o bem-estar dos pequenos.
Tudo aquilo que a criança observa ao seu redor, a linguagem, o comportamento, a forma de tratamento tanto com ela quanto entre os adultos e também com outras crianças, são fontes de aprendizagem. Assim, a primeira fonte de informação para compreensão do funcionamento de uma criança é a forma como sua estrutura familiar está organizada e os meios que ela freqüenta.
Para entender como pensa e sente uma criança, primeiro precisamos conhecer bem o comportamento habitual dela para depois observar possíveis mudanças e buscar a causa e as soluções para possíveis dificuldades ou sofrimento emocional.
Por não ter sua personalidade completamente formada e estar em processo de amadurecimento constante a criança não consegue, na maioria das vezes, entender e falar claramente para um adulto o que está sentindo. É muito mais freqüente que estas situações sejam percebidas através de suas brincadeiras, de seu humor, de sua relação com as pessoas próximas, de seus desenhos e também de sua saúde física – crianças podem adoecer por razões emocionais e os sintomas físicos que aparecem podem ser a única forma q ela encontrou para demonstrar sua necessidade de ajuda.
Insegurança, medos e incertezas podem ser percebidos quando a criança demonstra necessidade de ter sempre um adulto de confiança por perto, na dependência para atividades normais do seu dia a dia, na dificuldade de relacionamento com outras crianças e também com a família.
Quando pais e educadores buscam ajuda para entender o que se passa com suas crianças é válido que todas as pessoas de seu convívio direto sejam ouvidas, pois, uma dificuldade que é percebida em casa, por exemplo, pode não acontecer na escola ou vice-versa. E onde e com quem este comportamento aparece alterado também é fator importante nesta avaliação.
Muitas vezes, sem perceber, pais e educadores criam expectativas muito grandes em relação ao que querem das crianças e estas se sentem na obrigação de corresponder ao que os adultos esperam delas, o que representa uma pressão muito grande.
Se a cobrança de desempenho é uma situação difícil para um adulto, para uma criança mais ainda. Conhecer e entender o mundo e suas relações não é fácil e é tarefa para a vida toda.
Muitas vezes, alguns comportamentos encontrados nos pequenos ficam, sim, sem explicações concretas e fazem parte de fases e sentimentos próprios do desenvolvimento de cada um e que podem se resolver sozinhos, não se caracterizando como um problema ou dificuldade.
Quem reserva tempo e atenção para observar e participar do cotidiano de suas crianças pode não encontrar todas as respostas que gostaria, mas, irá ter muito mais recursos para tentar entender, respeitar e dar suporte à aventura do desenvolvimento.
Dra. Luciene Pugliesi Rebonato, Terapeuta Ocupacional, Especialista em Psicopedagogia Clínica e Acupuntura Tradicional Chinesa. Contato: 3241-2770 ou lurebonato@yahoo.com.br