Um estudo publicado no último dia 14 na revista científica Historical Biology revelou uma espécie inédita de crocodilo do Período Cretáceo, o Caipirasuchus catanduvensis. O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores Aline Ghilardi, Marcelo Fernandes, Willian Dias e o montealtense Fabiano Vidoi Iori.
De acordo com a pesquisa, o Caipirasuchus (crocodilo caipira) viveu há 85 milhões de anos na região de Catanduva – de onde veio o nome catanduvensis – e também no Triângulo Mineiro. O animal era pequeno, com 1,20 metro de comprimento, e tinha hábitos terrestres.
O crocodilo caipira convivia com grandes dinossauros e possuía uma espécie de caixa de ressonância junto às vias respiratórias, inexistente em outros crocodilos da época. Essa caixa de ressonância potencializaria as vocalizações da espécie.
A vocalização, neste caso, é um indicativo da organização social dentre os Caipirasuchus, similar ao observado nos suricatos, espécie de mamíferos que andam em grupos e que são encontrados na África.
Além disso, por meio da análise dos dentes e ossos da mandíbula, os pesquisadores concluíram que o animal se alimentava principalmente de plantas, podendo também comer ovos. A característica também diferencia a espécie descoberta de outras espécies de crocodilos.
Os fósseis do Caipirasuchus catanduvensis foram encontrados em 2011 durante obras de duplicação na rodovia Comendador Pedro Monteleone, a ‘Rodovia da Laranja’ (SP-351). No entanto, apenas em 2018, quando foi realizada a tomografia do crânio, foi levantada a hipótese de que se tratava de uma nova espécie.
De acordo com Fabiano Iori, o crocodilo tem uma câmara no osso pterigóide (céu da boca) semelhante a outra espécie do gênero, então por um tempo o fóssil foi atribuído a outro tipo de crocodilo. Quando chegaram à fase mais aprofundada de estudo, os pesquisadores perceberam que essa câmara era mais complexa e tinha uma ligação com vias aéreas superiores, significando algo bem distinto e específico.
Com a descoberta, o número de espécies do gênero Caipirasuchus aumenta para seis. As duas primeiras foram encontradas em Monte Alto, outras duas na região de General Salgado, uma em Iturama e agora a nova espécie de Catanduva.