Ócios & Negócios

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Big pão
Quando a lanchonete do Silvestre Coghi era na esquina da Rua Dr. Carlos Kielander com a Rua Marechal Deodoro da Fonseca, funcionava com o trabalho dos donos, dois chapeiros e três ou quatro meninos atendentes. Entre eles havia um menino que se destacava no atendimento, era atencioso, solícito e dava sugestões aos clientes sobre os lanches do cardápio. Certa vez, procurando incentivá-lo, já que qualificação profissional no comércio é raridade, eu lhe disse que estava no caminho certo, devendo continuar fazendo o que fazia, que assim ele iria longe. Ele agradeceu e disse: “eu vou longe mesmo, moro lá no Alvorada”.

 

Taiaçu
Muitos assuntos abordados pela coluna passam pelo leitor sem chamar atenção. Outros são o que chamamos de bom retorno, ou seja, os leitores se manifestam opinam, criticam, elogiam e dão sugestões. Na semana passada isso aconteceu com os textos sobre o Ivo, o que fez voltar à lembrança uma passagem com ele e alguns alunos da classe, quase no final do curso. A gente declarava o que pretendia ser ou fazer depois do tempo de estudante. O depoimento do Ivo foi profético! Enquanto todos diziam que seriam vendedor, comerciante, industrial, bancário, funcionário público, escritor, o Ivo disse que seria prefeito de Taiaçu, depois deputado e governador do Estado. Prefeito ele foi, o resto a vida não deixou!

 

Cult

Nos anos sessenta, se fosse possível entrar nos cinemas com máscaras, quando eram exibidos filmes do Mazzaropi, praticamente todos entrariam. A elite intelectualizada tinha vergonha das produções do comediante. O tempo passou e a cinematografia Mazzaropi passou a ser cult. As produções, os enredos e as paródias, eram realmente simplórias e modestas, exatamente o que fazia o diferencial entre a arte e a cultura tradicional. Mazzaropi era o retrato do Brasil, em 3 por 4, sem retoque. Um filme dele ganhou as manchetes dos jornalões na época. Foi uma paródia de um filme de western italiano, cujo nome fugiu-me no momento. A polêmica foi sobre uma cena, que em um tribunal uma testemunha colocou a mão direita sobre uma Bíblia jurando dizer a verdade. (No Brasil esse procedimento não existe).

 

Machismo
Veio do latim “testiculus” a palavra testemunha. Ao realizar o juramento no tribunal, os gregos se apresentavam nus e colocavam o dedo indicador sobre o escroto. A democracia grega disfarçava a discriminação contra as mulheres, alegando que não podiam ser testemunhas por não possuir o instrumento hábil para isso.

 

Prova
Na Grécia dos sábios e espertos, a mulher sofria uma desigualdade feroz. Um caso que se tornou proverbial, aconteceu com uma mulher levada ao tribunal acusada de sedução de menores. Depois que o advogado de defesa pediu sua absolvição, o presidente do tribunal, se dispôs a inocentá-la, desde que o defensor apresentasse uma prova concreta da inocência da ré. O advogado se dirigiu à condenada, soltando o laço que prendia sua túnica, deixando-a completamente nua na frente dos juízes. Ninguém havia visto formosura igual. Frinéia foi absolvida por unanimidade.

 

Expressão
Quando a gente pergunta a um mineiro o que é uai ele responde que uai é uai! A resposta é folclórica; porém, tem uma razão de ser. Ninguém sabe a real origem da expressão, que surgiu de uma senha maçônica. Foi durante a chamada Inconfidência Mineira, na qual a maçonaria teve participação secreta, que seus membros chegavam nas residências (sempre diferentes) para as reuniões e ao baterem na porta, perguntados quem eram, respondiam: Uai!

 

Doação
Quem abre o armário (não confundir com sair do armário) e se depara com coisas que não tem mais utilidade (roupas e calçados, por exemplo) e se apressa em doar, na realidade não está praticando o sublime ato de doação, está apenas se descartando do que lhe é inútil. A verdadeira doação é quando se dá ao próximo o que se tem apreço e utilidade. Uma doação de fato, em exemplo prático, acontece quando alguém compra duas camisas, uma para uso próprio e outra para alguém que está precisando.

 

Moeda
Uma esmola parece coisa corriqueira; porém, atinge a sublimação da consciência humana. Não pelo fato de dar a esmola em si, mas da maneira porque o faz, ou do motivo que pratica o ato. Se alguém dá uma esmola para se livrar de alguma culpa, o verdadeiro mendigo é ele e não aquele que estende a mão ou o chapéu!

 

Sangue
Uma pessoa doente é levada inconscientemente a praticar orações e realizar rituais religiosos à procura da cura. Isso, mesmo parecendo normal, muda o real sentido da oração, cuja objetividade é realizar o bem a terceiros. Sem se importar com a divindade, com a religião, com a fé, doentes e saudáveis precisam apenas praticar orações para a saúde coletiva, porque se ao seu redor todos estiverem com saúde você estará saudável. Não é a doença que é contagiosa – é a saúde!

 

 

 

 

 

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