Resistir ao avanço do tempo parece uma tarefa implausível, desafiadora, às vezes. Como é o caso do comerciante proprietário da banca que ainda comercializa jornais, histórias em quadrinhos e revistas de Monte Alto. Há mais de vinte anos, o estabelecimento se mantém firme diante de tantas mudanças, em especial, com o avanço da era tecnológica e da Internet, em que muitas vezes a leitura está na palma das mãos.
José Claudio Arvatti é este exemplo de continuidade. Dono de um negócio que teve início em novembro de 1998, quando a banca Nova Era foi criada, ele conta detalhes sobre o que o motivou e como ainda mantém seu negócio em atividades até os dias atuais.
“Resolvi empreender numa banca de revista pelo motivo de a cidade só ter uma (PDV), localizada no centro da cidade e outras duas filiais do mesmo proprietário em outras duas praças, sendo essas pequenas e com os mesmos materiais”, comentou Arvatti.
O comerciante ainda diz que sentiu, à época, que este segmento de negócio poderia ser demasiado rentável, além do fato de sempre ter tido “interesse por leituras, livros, revistas, Histórias em Quadrinhos e afins”.
“Como em todo segmento e negócio, você tem que se identificar com os produtos que você trabalha e comercializa, trabalhando com afinco e com prazer”. José Claudio Arvatti também reforçou que o atendimento ao público é um dos pilares fundamentais para a progressão e perpetuação do negócio. Segundo ele, atender bem e dar à clientela todo o retorno que esperam e fazendo-os com que saiam de seu estabelecimento satisfeitos com aquilo que foram buscar, é fundamental para a manutenção de clientes e para o aparecimento de eventuais amizades.
Questionado se ainda trabalha com o mesmo afinco e prazer de antes, Arvatti responde que seu amor e carinho pelo segmento continua intocável. “Ainda tenho o prazer de trabalhar nesse segmento. Em geral, as notícias, as pessoas, os movimentos culturais, tudo ligado diretamente ao caminho literário, as criações não param, sempre surge um fato novo, uma nova personagem, sem contar o fascínio ‘cinestésico’ e visual que envolve o mundo dos quadrinhos”.
Ele evidenciou que, baseado nestas novas criações que surgem a todo momento, aliadas às produções cinematográficas de grandes franquias da Marvel, DC, das obras de Maurício de Sousa, com o ‘MSP’, ainda existe muito a ser desenvolvido no mundo das histórias em quadrinhos.
A busca por produtos varia de cliente para cliente. Há aqueles que optam por lerem revistas, jornais e até mesmo histórias em quadrinhos, e há os que prefiram adquirir materiais que contenham palavras cruzadas ou quaisquer atividades correlatas. “Tenho muitos leitores que são fãs dos quadrinhos de super-heróis, Batman, Homem-Aranha, esses dois são os mais procurados”.
Fidelidade é uma palavra que Arvatti e seus clientes conhecem bem. “Tenho clientes desde o começo da atividade da banca; tenho os fiéis às HQs e aos colecionáveis, figurinhas, temáticos e grandes coleções da literatura”
Ele menciona a herança do gosto pela leitura – e, consequentemente, do apreço pelas bancas – passada de geração para geração. “Hoje, tenho novos clientes que herdaram dos avós e pais o gosto pela leitura, os quais continuam frequentando a banca e agora trazem seus filhos e netos, seguidores e amantes da leitura no papel”, acrescentou.
Quanto ao cenário dos semanários impressos, histórias em quadrinhos e revistas, ele estabelece uma linha de pensamento simples. “Vejo esse segmento com carinho. O impresso voltado para comunicação, jornais, revistas e HQs, em geral nunca irá acabar, sempre haverá pessoas procurando por informações e entretenimentos na leitura. Vejo algumas livrarias voltando à ativa, bancas se reinventando, mas nunca deixando de vender as publicações; os impressos podem diminuir, mas não deixarão de existir”.
“Tenho uma grande ‘consideração’ por aqueles que mantem seus periódicos no impresso, mostrando que gostam do que fazem e respeitam seus leitores. Tenho por mim que, aquele que só procura a leitura no digital (virtual) não consome a leitura por inteiro, acabam se acostumando com as informações pela metade”, finalizou José Claudio Arvatti.