Trampolim
Nos anos 60, a piscina do Monte Alto Clube mantinha dois horários exclusivos para as mulheres, um de manhã e outro à tarde. A diretoria atendeu o pedido das senhoras casadas, que se sentiam constrangidas em nadar no horário comum, as meninas não estavam nem aí! A época era do maiô de duas peças (biquíni, devido o atol onde foi testada uma bomba atômica), o que causava furor entre os moços e muitos velhos também. Para driblar a proibição, a moçada subia nas salas de jogos e pelos vitrôs curtiam as duas peças, ou o conteúdo. Logo vieram as reclamações e a solução foi colocar telas nas janelas. Ninguém mais via as banhistas ao vivo, valia a imaginação! Um grupo de gozadores pediu à diretoria um horário exclusivo para os homens – não houve resposta!
Nipo
Os primeiros japoneses que vieram ao Brasil se dedicaram à agricultura. Plantaram café e como demorava para produzir, plantaram arroz. A plantação de arroz deu muito prejuízo à colônia, o que provocou uma solidariedade nunca vista entre imigrantes. Todos ajudaram todos, inclusive parentes que ficaram no Japão enviavam dinheiro para os nipo-brasileiros. A causa do prejuízo do arroz foi que os brasileiros não comiam arroz com feijão, preferiam comer com a farinha de mandioca. Com o tempo, o caboclo brasileiro passou a consumir o clássico arroz com feijão. (O prato é nacional; porém, com total influência japonesa).
Tribuna
Carlos Lacerda, o polêmico jornalista e responsável indiretamente pela morte de Getúlio, foi deputado federal. Certa vez enquanto um adversário discursava defendendo o câmbio internacional adotado pelo governo, do qual era contra, Lacerda pediu um aparte, porque o deputado em questão dissera que a política econômica brasileira seguia o modelo do economista Adam Smith. Aparte concedido e Lacerda disse que o deputado estava enganado, o modelo era do economista Window. Voltando a discursar o deputado deu razão ao jornalista, reconhecendo que não era Adam Smith. Foi então que Lacerda encerrou: “isso prova que o senhor não entende nada, Window é apenas janela em inglês”.
Fepasa
Até o final dos anos 60, as mercadorias que chegavam em Monte Alto vinham de trem (claro, não tinha trem), pela Ferrovia Paulista S/A. Os produtos eram despachados em São Paulo, da estação Pari, vinham até Ibitirama e de lá chegavam em Monte Alto transportadas por caminhões. O motorista era o Sr. Antonio Penharbel, que já não está entre nós. Naquela época, não havia fax, xerox ou internete e um dia recebi uma caixa de produtos, que após aberta verificou-se que faltava alguns itens. Como o caminhão não estava longe chamamos o Sr. Antonio, para ver o que podia ser feito, já que a embalagem estava mexida e talvez nem a Fepasa e nem o fornecedor seriam responsabilizados, até porque era apenas palavra nossa e do Sr. Antonio, sem imagens. Enquanto a gente pensava na solução, o Sr. Antonio lembrou-se de chamar o Matsumura (Nelson, fotógrafo-mor da cidade). Uma foto foi feita e guardada como documento, assinada no verso por todos. Não foi preciso, o fornecedor pagou o prejuízo.
Gelato
O Bar Pinguim de Monte Alto estava instalado onde hoje está uma loja, na esquina da Nhonhô com a José Cupertino Boto. O local era o “point” político local. Quem era visto lá é porque estava em busca de apoio. Muitas vezes, as conclusões e fofocas partiam da presença nas mesas do Pinguim. Quase em frente do Pinguim está um estúdio e uma loja de fotografia do Nelson Matsumura (Foto Oriente), local que muita gente ficava disfarçando vendo fotos para observar os políticos costurando acordos. Certa vez, dois ferrenhos adversários políticos da cidade se encontraram sentados na mesma mesa do bar. A notícia se espalhou e pouca gente acreditou. Foi quando um jornalista pediu ao Kenzo (funcionário do Nelson) para tirar uma foto dos dois. O Kenzo foi sorroteiramente (sorroteiramente, é bom!) até a porta da Padaria do Mané Silva (depois, Delícia) e disparou a máquina. No fim de semana a foto saiu na primeira página e os dois voltaram a ser adversários.
Nota
O Bar Pinguim mencionado no tópico acima, não tem nada a ver com o de Ribeirão Preto. Aquele tinha a lenda que o chope era encanado diretamente da Cervejaria Paulista (depois, Antarctica). O nosso tinha apenas garrafas de várias marcas, depois teve uma chopeira. Tinha muitas intrigas e fofocas. Mulher não frequentava. Algumas ficavam na porta esperando marido ou namorado.
Chave
Um sujeito muito rico estava para morrer. Desconfiado que sem babagem não tinha como provar o que tinha, para poder entrar no céu. Pediu para um anjo que o deixasse usar uma mala dentro do caixão. O anjo alertou-o que não daria certo, São Pedro não iria sequer abrir a mala. Mesmo assim, o sujeito levou a mala cheia de ouro. Chegou no céu. Foi barrado! Com mala não entra, disse São Pedro. O cara insistiu tanto, dizendo que a mala tinha o que o Santo precisava, que São Pedro resolveu abrir a mala. Quando viu aquele monte de ouro, olhou para o rico e disse:
– Sinto muito! Você não entra! Não tem uma telha, que precisamos para consertar uma goteira. O resto é tudo inútil!