Cento e trinta e três anos urbanos
Rurais – ainda mais!
Meio de maio – 15 exatamente!
Madrugada: a comitiva chega.
O chefe é o capitão-do-mato
Serra íngreme, mato fechado e muito cipó
O local é ótimo para um Quilombo
Nenhuma marca de negro fugido
Fica decidido: é bom para um Arraial!
As foices, os machados entram em ação
As montarias são amarradas e alimentadas.
O fogão improvisado é aceso – alguém sai à caça!
O dia estava claro sem sol com muita garoa.
Alguém lembra de contar os participantes.
Um susto: falta um! Será que foi a onça?
Foi nada, o sumido foi o caçador que voltou.
Um escravo subiu na árvore grande olhando tudo
Ele disse que o local era cheio de montes
Estavam no mais alto deles: Monte Alto!
Todos aprovaram o tal de Monte Alto
Que era um pleonasmo e poderia ser cidade.
No dia seguinte começaram as demarcações
Mato tombado, árvores cortadas e estacas.
O melhor local tinha dono garantido
Era o Clero. Costume que veio do mundo.
Nos dias seguintes a áreas de roça
Começaram a surgir onde em breve seriam
As fazendas de café. Com as terras ganhas
Surgiram os fazendeiros com seus escravos.
Se não fossem as lendas, apenas as terras
Não teriam força para os emigrantes.
Diziam que a serra tinha ouro
Que os rios tinham diamantes.
Isso tinha mesmo, porém, lá nas serras mineiras.
Em Monte Alto tinha enxada, foice e martelo
Quando os escravos ficaram livres os colonos
Ficaram com o trabalho e o café encheu as tulhas.
A terra agrícola foi aumentando o espaço urbano
Seguiu o mesmo ritmo – era a cidade começando.
As casas comerciais encheram a Rua do Comércio
Cidades vizinhas vinham para cá comprar produtos.
Em seguida vieram as indústrias poucas e fortes.