Sem dúvida, vivemos um tempo estranho. Falar em fim de mundo, as pessoas falam desde sempre. Lembro-me bem do meu pai, sentado à mesa da cozinha, picando fumo com o canivete para o seu cigarro de palha e dizendo: “Os antigos já falavam que mil chegará, mas de dois mil não passará.”
Meu pai, que pronunciava essas palavras no vigor da idade, acabou ele mesmo ficando antigo. O ano 2000 chegou, o mundo não passou e continuamos por aqui. Meu pai se foi e agora eu mesma, embora me veja com a idade mental de 20 anos, também já me tornei antiga e, nessa vida que se fez longa, muitas coisas vi, muitas coisas ouvi, mas, repito, estamos vivendo um tempo estranho.
Entramos em 2024 ouvindo sobre as tempestades solares que podem causar um apagão na internet o que, de forma cabal, poderia colocar o mundo em trevas, cumprindo a tão propalada profecia bíblica dos três dias de escuridão.
Muitos livros e filmes já trataram desse assunto, produções distópicas que sempre nos colocam diante de um cenário assustador, sem comida, sem água, com as cidades totalmente destruídas e os poucos sobreviventes lutando entre si.
Recentemente saiu o filme “O mundo depois de nós”, confesso que um dos mais fraquinhos que já assisti sobre esse prenunciado fim do mundo, mas que nos faz pensar um pouco, sobretudo sobre como será difícil ficar sem a Netflix durante um apagão, argumento de humor irônico usado no roteiro do filme para nos fazer ver o quão dependente ficamos da internet e dos entretenimentos que ela nos oferece.
Eu acredito em Deus e acredito na Bíblia e, se está escrito lá, não tenho dúvida que vai acontecer. Esse episódio aparece no Antigo Testamento em Isaías 8, 21-22 e Joel 3, 3-4 e no Novo Testamento é citado em Mateus 24,29-31, Marcos 13, 24-27 e Lucas 21,25-28, arrematando com o mais polêmico livro sagrado, o Apocalipse de São João: 6, 12-14; 16, 14 e 16, 18-21. Bem, se tantas menções foram feitas, é prudente acreditar que isso não aconteceu à toa…
Jesus disse que o dia e a hora ninguém sabia, mas que haveria sinais na natureza, guerras e rumores de guerra, esfriamento do amor, apostasia e abominações. E o que estamos vivendo senão todas essas coisas de uma vez e de maneira cada vez mais veloz?
Sempre tem aquele pessoal mais descrente, que acha que isso é tudo bobagem e a turma que gosta de justificar as coisas dizendo “foi cientificamente comprovado” afirma que tudo isso sempre existiu, violência, guerras, fenômenos da natureza e justificam que a diferença é que antes a gente não ficava sabendo porque não tinha televisão, internet, por isso temos a falsa impressão de que as ocorrências aumentaram. Um argumento que parece sábio, mas é muito ingênuo.
Estamos aqui agora, vivendo na carne, sentindo na pele as mudanças, as transformações, os efeitos dos nossos próprios atos, as consequências de nossas más ações. As coisas estão acontecendo, não estamos lendo sobre elas ou ouvindo falar. Estamos vivendo-as. Não, não foi sempre assim. Não era assim vinte anos atrás. Dez anos atrás.
Esses dias de trevas certamente virão. Pode ser que os mais velhos de nós já não estejam aqui, mas nossos descendentes próximos, certamente estarão e os mais jovens de vocês estarão também. Preferem duvidar? É um direito que todos têm, mas, por segurança, mantenham em casa velas bentas e umas caixas de fósforo. Não sabemos quando será, não sabemos como será, mas, certamente, será bem pior do que podemos imaginar…