Pesquisa com fósseis do Museu de Paleontologia é defendida na UNICAMP

Trabalho foi desenvolvido durante quatro anos por Sandra Tavares, utilizando técnica inovadora conhecida como Análise de Elementos Finitos

 

Na segunda-feira, 4 de julho, a atual diretora do Museu de Paleontologia, Sandra Tavares, defendeu a sua Tese de Doutorado no Instituto de Geociências da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Foram estudados os fósseis de Montealtosuchus arrudacamposi, um crocodilo que viveu em nossa região há 90 milhões de anos, junto com os dinossauros.
De acordo com Sandra, o objetivo do trabalho foi entender como eram os hábitos de vida deste animal. Para compreender a forma de locomoção e alimentação deste crocodilo já extinto, foram realizadas tomografias computadorizadas dos seus fósseis, semelhantes às utilizadas em seres humanos para detecção de algumas doenças. “A utilização deste tipo de técnica na paleontologia vem ganhando destaque nos últimos anos, porque permite visualizar e manipular os ossos fossilizados sem destruí-los”, afirma a pesquisadora.
A pesquisa foi desenvolvida parcialmente no Reino Unido, na University of Bristol, e utilizou uma técnica inovadora conhecida como Análise de Elementos Finitos (FEA). Com ela, a pesquisadora pôde simular os movimentos da mandíbula de Montealtosuchus e definir como era sua alimentação há milhões de anos. “Essa técnica, a FEA, é muito utilizada pela engenharia e medicina, mas seu uso na Paleontologia é algo ainda novo no mundo todo, e inédito no Brasil”, relata Sandra.
sandraDurante sua análise, a pesquisadora descobriu que este crocodilo pré-histórico era diferente dos crocodilos de hoje em dia, e possuía uma postura mais ereta e hábitos terrestres, ao contrário dos crocodilos atuais que andam praticamente arrastando a barriga no chão e são animais de hábitos aquáticos. “Os resultados também demonstraram que o animal era capaz de se alimentar de pequenas presas, como filhotes de dinossauros”, complementa.
Sandra possui uma trajetória de quase duas décadas na Paleontologia; esta pesquisa demorou quatro anos para ser realizada e contou com o apoio de outras grandes instituições de pesquisa, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Instituto de Radiologia – Faculdade de Medicina de São Paulo USP, o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) – Campinas, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais – Campinas e a Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior, CAPES, que financiou toda a pesquisa.
A montealtense também agradece à Profª. Dra. Fresia Ricardi Branco (UNICAMP) e ao Prof. Dr. Ismar de Souza Carvalho (UFRJ) pela orientação durante seus estudos, e também a todos que, direta ou indiretamente, colaboraram com seu trabalho e ainda, ao Prof. Antônio Celso de Arruda Campos (in memoriam), a quem ela dedicou sua Tese com muito carinho, pois, “foi ele quem me ensinou a paixão pela Paleontologia”. “Com o apoio destas pessoas e instituições, elevamos muito o nível da pesquisa em Monte Alto. E não vamos parar por aqui, já que nossa região é muita rica em fósseis e temos muito material disponível para estudos”, finaliza.

 

 

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