A corrida contra o tempo

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O mundo moderno encontra o homem cada vez mais cheio de compromissos e com cada vez menos tempo para cumpri-los. As horas passam rápido demais e parecem faltar algumas para que possamos completar todas as tarefas para as quais nos programamos diariamente.
No mundo globalizado a quantidade de informações a que todos temos acesso, inclusive as crianças, é imensa. A todo o momento e em quase todos os lugares pode-se, com um clique, abrir uma janela para qualquer assunto em qualquer parte do mundo. A televisão chega a qualquer lugar onde esteja à notícia e se não há imagem existem os sons e com isto vamos nos informando, ampliando nosso conhecimento, passando estes à nossas crianças e diminuindo, a cada dia mais, o tempo que dedicamos a nós mesmos, ao nosso convívio e aos pequenos prazeres da vida.
Para economizar tempo encurtamos nosso horário de almoço e alguns nem sequer mais conseguem fazê-lo. Para ganhar tempo trabalhamos até mais tarde e ao chegar em casa, já anoitecendo, não há mais tempo nem disposição para ler um bom livro, jantar calmamente com a família, assistir a um bom filme ou brincar com as crianças. Quantas vezes usamos o horário livre em casa para adiantar alguma coisa do trabalho ou fazer algo que ficou para trás?
E nesta louca corrida para fazer cada vez mais, vivemos cada vez menos. Deixamos de encontrar os amigos porque não há tempo, deixamos de conhecer os filhos dos amigos porque não há tempo, deixamos para ligar outro dia para aquele ente querido por que não deu tempo, deixamos de ler aquele livro tão comentado porque não sobrou tempo e, no final das contas, nem mesmo nós sabemos aonde foi parar o nosso tempo.
As crianças possuem atividades e agendas lotadas equiparadas a de muitos adultos. E, assim, já nascem e crescem se cercando de compromissos e sem sequer saber o que é tempo livre. E brincar, então? Para muitos adultos, brincar é perda de tempo, horário que deveria ser utilizado para adquirir mais conhecimento, se tornar mais esperto, mais competitivo, pois o mundo lá fora os espera. E tanto isto é verdade que muitas escolas têm como principal propaganda já na educação infantil, o sucesso no vestibular. E assim ensinamos aos nossos filhos, com nossas próprias atitudes, o que consideramos prioridade.
Vivemos hoje para construir o amanhã e quando o amanhã chega, já não parece tão bom quanto parecia ontem. Juntamos dinheiro para comprar algo que almejamos e, quando compramos, já não temos tempo nem disposição para usufruir o bem adquirido. Pedimos tanto por um final de ano, para, no começo do ano seguinte não ver a hora que ele termine. Esperamos pelos feriados e finais de semana e, quando eles chegam, torcemos para chegar o próximo. Para quê ou para quem estamos vivendo? E o que fazemos com o nosso “hoje”?
E assim, também, vamos deixando de lado o respeito ao outro, o convívio social saudável e compartilhado, a paciência e a tolerância para lidar com as diferenças e para nos dedicarmos às crianças e aos idosos, por exemplo.
E porque não há tempo, também não há qualidade de vida. E, se não há qualidade de vida, qual a razão para tanta correria?

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