FUTUROLOGIA
Entre os anos 2080 e 2100 o cardápio do brasileiro será o mesmo do atual asiático, ou seja, composto de minhocas, formigas, larvas, grilos, baratas e todos os insetos voadores ou rastejantes. Os pratos preferidos dos países da Ásia não são servidos por gosto e sabor pessoal do cidadão, mas por opção, quem não quiser comer o que existe passará fome. Isso acontece na China e todos os outros países ao redor dela. Nos anos futuros citados isso acontecerá no Brasil pelos mesmos motivos, não haverá outra coisa para alimentação, devido à escassez natural dos recursos terrestres e aquáticos, sobrando os insetos disponíveis para o cardápio nacional. Segundo os especialistas alimentares, o brasileiro, a princípio, rejeitará a barata, da qual sente asco, porém, comerá os grilos como guloseima porque sente uma certa simpatia pela aparência do cricri popular.
Nos anos citados na futurologia, o Brasil não terá horta verdes compostas de hortaliças como hoje, as futuras hortas serão cultivadas com canteiros de larvas e lagartas, dividindo o espaço com as formigas, abelhas, besouros e outros sabores naturais da nossa fauna oculta sob a sedimentação do esterco vitaminado.
Nossos descendentes terão que recorrer às enciclopédias para saber o era carne bovina, equina e suína. Frango será uma raridade saudosista, felizes serão os que não terão fome e usarão talhares para comer peixe. A palavra verdura no futuro século será lembrada como cor apenas e não como alimento.
Novos talheres serão desenvolvidos para servir os mosquitos e os besouros e para saborear as larvas aparecerão faquinhas desintrinjaveis. O dito popular “em boca fechada não entra mosquito” terá sentido oposto, pois quem ficar de boca fechada passará fome. Muitas crianças ficarão perto dos cachorros para apanhar pulas e carrapatos. Enfim – bom almoço e feliz piquenique!
Não se esqueçam de agradecer pelo alimento de cada dia!
FECHADO PARA ALMOÇO
Uma piada nacional é dita para registrar um comerciante incompetente que fecha o estabelecimento falido. Diz-se que fecha o restaurante para o almoço. Em Monte Alto isso foi um fato real. Um comerciante comprou um bar e restaurante, porém, resolveu atuar apenas com bar e na hora do almoço fechava as portas para almoçar em casa, que era perto. Então os visitantes à procura de um restaurante para almoçar encontrava as portas fechadas e a placa anunciando: Bar e Restaurante. (o caso ganhou repercussão em todo o Estado, até na capital).
URNA VAZIA
Antes de ser prefeito duas vezes, o saudoso Elias Bahdur foi vereador por dois mandatos. Na primeira candidatura a vereador ele fez um discurso no Distrito de Aparecida e não teve nenhum voto, porque foi advertido para não chamar o distrito de Aparecidinha. Os moradores de lá nunca gostaram da expressão diminutiva.
O Elias, depois da apuração não se conformava com o zero voto e mostrava as cópias dos mapas, nos quais outros candidatos tiveram dezenas de votos. (Anos depois eu repeti a proeza).
ARQUITETURA
Na visão das baratas as cozinhas das casas são feitas exclusivas para elas. Enquanto que para os galos o sol nasce apenas depois que eles anunciam o amanhecer cantando na madrugada.
Os exemplos servem para os internautas, que acreditam influenciar todo mundo divulgando suas opiniões e declarando: “na minha opinião pessoal”.
Há políticos nos palanques que gostam do termo: “minha opinião pessoal” e citam opinião do vizinho.
BALCÃO
Em 1967 ingressei no comércio com a função de balconista na então Casa Haddad. Éramos em 15 funcionários divididos entre a loja de tecido e a de secos e molhados. O estabelecimento era do Sr. Nahin e dos filhos. Uma vez por semana o Sr. Nahin reunia os funcionários para alertá-los sobre suas funções. Antes de abrir a loja, a gente se acomodava para, sentados, ouvir a palestra. Um dos funcionários chegou atrasado e sem lugar para sentar, sentou-se sobre o balcão da loja de tecido. O Sr. Nahin observou a cena e bradou: “desça daí, o senhor tem que aprender que um balcão de loja tem o mesmo valor da mesa que o senhor come. Ele é nossa mesa de refeições – é sagrado”.
(O silêncio foi total, ninguém esboçou um gesto sequer).
TELÃO
Em 1966 os Cine Guarany e São Jorge, o primeiro do Mario Veroneze e o segundo do Ivo e do Florindo, aumentaram o preço do ingresso sem qualquer justificativa, sequer por conta de algum lançamento de Tarzan, Mazzaropi e documentários de futebol.
Então a moçada se reuniu e foi feito a famosa fila boba. Os dois cinemas tiveram grandes filas, porém, assim que o primeiro chegava no guichê desistia do ingresso e voltava para o fim da fila. Isso era feito por mais ou menos meia hora até que a bilheteria era fechada e sessão cancelada. No dia seguinte o preço voltava ao normal e todos ficavam felizes para sempre. Isso aconteceu uma ou duas vezes em um mês. Nunca mais se ouviu faiar em fila boba!
AINDA QUE TARDIA
Inconfidência Mineira para os brasileiras e Conjuração Colonial para os portugueses, foi um movimento que durou cerca de seis meses em Vila Rica, província de Minas Gerais. Os inconfidentes não passavam de 14 membros desarmados. O movimento fracassou por causa de uma delação. Um dos fatos que poderia ter impedido a derrota foi o sucesso do segredo, ninguém esperava um levante popular. O que não aconteceria até por falta de organização, porque a chamada revolução era liderada por intelectuais, cujas letras eram mais importantes do que ações concretas.
A história todos sabemos, apenas um caso ficou sem solução, a participação do famoso Embuçado (Encapuzado) que avisou todos os envolvidos da iminente prisão após a delação.