Por O Liberal
O anúncio feito pelo Banco Central (BC), nesta segunda-feira (7), sobre a criação da nova moeda digital brasileira deixou especialistas e consumidores com grandes expectativas sobre a funcionalidade da ferramenta. Nomeado de Drex, o primo do PIX, como ficou conhecido, é nova forma de representação da moeda brasileira, e tem paridade com o real.
O economista paraense Valfredo de Farias destaca que o movimento de substituição das cédulas de papel pelas operações digitais é uma tendência mundial que chega ao Brasil visando também à redução de custos na emissão de papel-moeda, além de proporcionar, acima de tudo, mais segurança nas transações financeiras.
“A partir do momento que você não precisa ir ao banco tirar dinheiro, não precisa levar dinheiro na sua carteira, com risco de ser roubado ou perder, então, só isso já justifica o benefício que o Drex vai trazer para a população”, analisa Farias.
A nomenclatura utilizada leva em consideração as características da ferramenta, sendo “D” correspondente a palavra digital; “R” representa o real; “E” para a palavra eletrônica; e “X” para simbolizar transação, assim como Pix, sistema de transferência instantânea criado em 2020.
Conforme informou o BC, por ora o Drex entrará em período de testes e estará disponível para a população apenas no fim de 2024. A autoridade monetária também habilitou 16 consórcios para o desenvolvimento de ferramentas e instrumentos financeiros que serão testados em operações simuladas para avaliar a segurança e agilidade entre a moeda digital e os depósitos ativos reais convertidos em digitais – chamado de tokenização – das instituições financeiras.
Apesar da semelhança com o Pix, o Drex terá diferentes finalidades e escalas de valores. À medida que o Pix está sujeito a limites de segurança e é usado, majoritariamente, para transações comerciais, o Drex poderá ser usado para comprar imóveis, veículos e títulos públicos.
O projeto piloto usará depósito de contas de reservas bancárias, contas de liquidação e da conta única do Tesouro Nacional; depósitos bancários à vista; contas de pagamento de instituições; e títulos públicos federais.
Valfredo de Farias afirma que o Drex também funcionará como uma espécie de certificado digital, o que garantirá a segurança nas transações e as tornarão mais rápidas devido à redução nas burocracias.
Drex X Bitcoins: qual a diferença?
De acordo com o BC, o Drex não será uma criptomoeda como o Bitcoin, por exemplo, pois ele não é emitido por uma autoridade monetária. No caso da moeda brasileira, a autarquia pontua que a nova ferramenta está sendo desenvolvida para “dar suporte a um ambiente seguro” onde empreendedores possam inovar e onde os consumidores possam ter acesso às vantagens tecnológicas sem precisar se expor a um ambiente financeiro não regulado.
“A grande diferença entre o Drex e as criptomoedas que já existem é que a moeda brasileira vai ser regulamentada pelo governo, ou seja, há toda uma legislação em cima, como no real, e as criptomoedas, geralmente, não têm essa regulamentação, como no caso do Bitcoin que não possui, o que pode fazê-lo desaparecer da noite para o dia. Isso não vai acontecer com o Drex, pois há uma garantia”, explica Farias.
O real digital usará a tecnologia blockchain, que consiste em mecanismo de armazenamento de dados transferidos com segurança, rapidez e sem a necessidade de um órgão central intermediário entre as transações de ativos. A ferramenta será acessada por meio de carteiras virtuais atreladas a uma instituição de pagamento, como bancos e correspondentes bancários. O cliente depositará nessas carteiras o correspondente em reais e poderá fazer transações com a versão digital da moeda.
Expectativa
Ademir Junior, empresário contábil, diz que a moeda digital deve trazer benefícios para empresas que enfrentam altas taxas de processamento de pagamento, além de permitir a inclusão financeira de pessoas e empresas que anteriormente não tinham acesso a serviços bancários tradicionais ou participavam ativamente da economia digital.
“Essa moeda pode tornar as transações comerciais mais rápidas e eficientes, reduzindo a necessidade de intermediários e acelerando a liquidação de pagamentos. Isso pode ser especialmente vantajoso para negócios que dependem de transações financeiras rápidas, como o comércio internacional”, ressalta.
Entre as vantagens, Ademir diz que a ferramenta pode propiciar o surgimento de novos modelos de negócio, e acrescenta a eficiência em “automação de pagamentos programados ou baseados em contratos inteligentes.”
Apesar da expectativa, Ademir e Valfredo afirmam que a implementação do Drex deverá enfrentar alguns percalços. “Isso não vai acontecer da noite para o dia, haverá um processo, mas o drex provavelmente vai levar um tempo a mais que o Pix porque existem vários testes a serem feitos antes, e lógico, várias pessoas vão ficar desconfiadas, não vão aceitar de imediato, alegando que a ferramenta facilitará fraudes, o que resultará na circulação de várias notícias falsas, como acontece com o Pix, até hoje”, avalia o economista.
Já Ademir conclui que “empresas que operam no setor financeiro e de pagamentos teriam que se adaptar às novas regulamentações e se atualizar tecnologicamente para lidar com a moeda digital”.