Trono
Os governos brasileiros desde os tempos cabralinos enganam o povo. Nossos colonizadores lusos e outros esporádicos pregavam uma coisa e faziam outra, sempre prejudicial aos interesses da população, que mantém o Estado e seus governantes. Os governos presidencialistas, parlamentaristas e outros do tipo ditatorial, no exercício do poder sentem-se e agem como os reis e imperadores do passado, ou seja, como donos particulares dos territórios governados e com absoluto poderio sobre os habitantes. Usando a política ou a violência pura e simples, governos se mantêm no poder por longo tempo, com a aceitação normal dos governados. No Brasil colônia, além da escravidão mantida pelo colonizador, o povo também era um servo involuntário do poder monárquico português, que governava através de leis da metrópole, que nem sempre eram compatíveis com os dominados. Um exemplo clássico era o direito à propriedade que não existia na colônia e na metrópole era passível de pena capital, caso não fosse observada. Em 1808, quando o príncipe regente de Portugal apareceu no Brasil, fugindo de Napoleão Bonaparte, com mais de 15 mil portugueses ligados à coroa, aconteceu uma desapropriação imobiliária gigantesca, sem que os proprietários tivessem ao menos o direito à contestação. Nas casas desapropriadas, os portugueses colocavam duas letras: PR (Príncipe Regente). O humor carioca, histórico, diga-se, chamava o PR de prédio roubado. No Brasil independente os dois Pedros imperadores, usaram e abusaram da paciência do povo, com mentiras e ilegalidades. No final da Guerra do Paraguai, nosso comandante-em-chefe, D. Pedro II reforçou o exército com os soldados chamados de Voluntários da Pátria, o que era uma grande farsa, porque os voluntários eram pessoas obrigadas ao alistamento, se não aceitassem seriam presas e os bens da família desapropriados, e quem tivesse escravos poderia alistá-los no lugar de filhos e parentes. Muitos “voluntários” seguiam para o Paraguai algemados, na frente de batalha, morriam a tiros, fome e frio. Na República, como é história recente, não há necessidade de citar as mentiras de executivos e legislativos em todas as estâncias, coisa do tipo confisco de poupança!
Axioma
A afirmação secular e consagrada: cada povo tem o governo que merece, no Brasil pode ser invertido, sem erro, bastando uma análise política dos brasileiros: cada governo tem o povo que precisa!
Cartilha
Não são poucos no Brasil que definem escola como um conjunto arquitetônico de salas de aula. Ouvi, certa vez, de uma mãe, como justificativa para matricular o filho em uma determinada escola, que era nova e tinha um pátio grande, uma quadra esportiva oficial e salas de aula maiores do que outras. Convém lembrar que os gregos não tinham salas de aula em conjunto ou separado, os educadores lecionavam nas ágoras (praças) livres, locais que os pais podiam fiscalizar o que acontecia na Escola, isso permitia que alunos e professores cumprissem suas funções com rigor, porque havia também a vigilância pública exercida pelos cidadãos que tinham o máximo interesse no aprendizado bem sucedido da juventude, que se tornaria substituta natural dos adultos.
Bula
Muitos pedem em Monte Alto a volta de farmácia 24 horas ou de plantão noturno. Não é viável comercialmente, devido ao alto custo para manter o estabelecimento aberto nesse período. Além do farmacêutico, são necessários dois atendentes e um segurança, todos com adicional noturno. Ainda tem as despesas de funcionamento, luz, água, telefone e outras. Quando Monte Alto tinha cerca de meia dúzia de farmácias, os proprietários fechavam a noite, mantendo alguém pernoitando no estabelecimento, muitas vezes o próprio dono. Bastava um toque de campainha do cliente, que a farmácia era aberta para atendê-lo, bastava a identificação. Certa noite, em uma farmácia, duas horas da madrugada, a campainha toca. O dono acorda e pergunta quem era. O sujeito deu o nome e a porta foi aberta. Ao atendê-lo, o farmacêutico percebeu que havia álcool na cabeça do cliente. Paciencioso, ele pergunta o que precisava. ‘Um envelope de melhoral, disse o freguês’. Como a farmácia já estava aberta, mesmo com o preço irrisório, o sujeito foi atendido. Com o remédio na mão, o bebum perguntou como tomava. ‘Um agora e outro depois de seis horas’, respondeu o farmacêutico. Ao pagar, o cliente disse muito obrigado e que tomaria o remédio apenas no dia seguinte, já que não sentia nada naquela hora, ele foi comprar para garantir quando precisasse. O remédio nem precisou ser pago, tal foi a bronca de quem sonhava às duas horas e encontrado um pesadelo.
Grade
Furto e roubo são crimes previstos no código penal brasileiro. A lei é real, porém nem sempre aplicada, existe furto ou roubo que não são punidos, trata-se do famélico, quando o ladrão rouba ou furta para comer (pensaram que eram crimes políticos, né?). Não são generalizados os famélicos, por exemplo, se alguém rouba uma lata de caviar para comer vai pagar legalmente. (Não há menção na lei sobre ladrão gourmet).
Guia
Em 1960, Monte Alto tinha vários escritórios de contabilidade. O maior era o do Nilton da Silva, que tinha cerca de 30 funcionários. Havia outros, entre eles o do Moacir Menani, que chegou ter 12 funcionários na ativa e tantos outros menores, cujos titulares, na maioria, eram formados na Escola de Comércio.