Vamos pedalar comigo?
Vamos!
Natal foi, sem dúvidas, palco de uma das melhores fases da viagem, seja pelo encontro com meu querido Dani, seja pelas “visitas-surpresas” que recebi dos antigos amigos da minha terra ou pelos novos amigos que por lá fiz… Mas independente de todas essas belezas, agora eu quero é “falá de amô”.
Mãezinha querida, se eu me atrasei pra chegar em casa, não foi por minha culpa. A grande culpada de todo esse atraso se chama Natalia Roos, vocês que se entendam, eu não tenho nada a ver com isso. Conheci Naty logo que cheguei, e depois de seis dias ela foi embora, pra uma ilha perdida no meio do oceano atlântico, o Atol das Rocas, ajudar no monitoramento de tartarugas. O que acontece é que a despedida foi “braba”, e logo percebi que não daria pra ir embora sozinho.
Passei mais alguns dias na cidade, refleti, senti saudades, ouvi o coração e perguntei:
Naty, se eu esperar você voltar, você vai embora comigo?
– Claro que vou.
Desde que saí de casa eu venho sonhando com alguma parceira que agarrasse a bicicleta, colocasse umas roupas e um fogareiro em cima e saisse pelo mundo afora compartilhando esse comigo. Pode parecer mentira mas eu sempre imaginei que isso pudesse acontecer no nordeste do Brasil, e assim foi. Ela aceitou meu convite e eu fiquei esperando ela voltar da ilha, daí o motivo de tanto tempo parado na capital potiguar.
Mas antes da partida, recebi mais uma grande visita, aquela que eu havia citado no final do último diário: Felipe Camarão! Um irmãozão da faculdade que comigo passou grandes cinco dias. Ele me avisou que viria só três dias antes, por isso foi uma grande surpresa. Há tempos estávamos programando um encontro, e finalmente saiu, na hora certa, no lugar certo, como tudo na vida.
Jamais iria imaginar que aquele cabeludo e barbudo, que ia fazer repetência na minha sala, um dia se tornaria meu irmão pra vida toda, e que ainda por cima me faria uma visita tão especial. Especial por que a sintonia foi muito grande. Passamos esses dias entre Natal e a Praia da Pipa, lugar perfeito pra curtir com os amigos. Conversas longas e profundas, outras curtas e bestas, risada o tempo todo, muito bom. Ficamos numa pousada deliciosa e comemos bem todos os dias, uma benção.
Com o Camarão eu pude confirmar o poder da empatia. Uma pessoa com a qual eu tive, relativamente, pouco contato, poucas horas somadas de conversa. Um cara que passou um bom tempo da vida estudando temas espirituais, por isso não era muito de ficar pra rua, como eu… Mas esse pouco contato não foi suficiente pra impedir que a amizade se concretizasse. Amizade daquelas incríveis, onde não existe timidez, constrangimento, frescura, nem julgamentos, um irmão que ganhei pra vida toda. Muito obrigado meu querido pela visita e por tudo o que você me proporcionou.
Um dia antes de partir, saí da casa do Dani e fui pra casa de uma família muito especial nessa história… a família da Naty. Como teríamos que acordar no mesmo lugar pra pegar estrada, fui convidado a dormir por lá. Friozinho na barriga de adolescente que vai pra casa dos pais da namorada… passou rápido. A recepção foi tão bonita que logo me senti a vontade. No dia seguinte, logo cedo caímos no mundão, eu, Princesa, Naty e Valentina (a bicicleta da Naty).
Por fim consegui deixar a cidade de Natal. Só não sai com dor no coração porque estava muito bem acompanhado, se não, o bicho ia pegar. O que senti foi uma sensação de “Jajá eu volto”.
Fiquem com o paizão meu povo. Na semana que vem eu volto falando mais sobre a aventura a dois pelo nordeste brasileiro. Só tenho a agradecer. Um beijo enorme a todos!
Beto.