Quem anda sobre as ruas da Cidade Sonho, já deve ter percebido a variedade de empreendimentos como pizzarias, lanchonetes, pastelarias, sorveterias e restaurantes QUE estão entre uma infinidade de opções que comprovam a temática deste ‘mini tour’ gastronômico aos olhos da colaboradora Gabriela Amorin.
Pensando nesse sentido, o Imparcial separou algumas opções e traz para os que aqui moram, nativos ou adotivos, e também para os que aqui querem vir, parte de sua variedade gastronômica, com odores e sabores que até podem ser sentidos nestas palavras, e ainda lembrar como nasceram algumas destas especialidades. Aqui também se contam algumas histórias de empreendedorismo, trabalho e dedicação de pessoas e equipes que levam a arte de cozinhar para os montealtenses, assim como para os que visitam as muitas quermesses e festas beneficentes que a cidade oferece. Vale lembrar que selecionamos apenas algumas delícias, e que outros talentos e mãos habilidosas também realizam esta tarefa com muito amor, empenho e empreendedorismo.
PIZZA FRITA
A tradicional ‘Pizza frita’, feita nas quermesses de Monte Alto, pode ser encontrada em festas como a do padroeiro, o Senhor Bom Jesus, como em festividades de santos das paróquias. Nas quermesses, sem medo de errar, a barraca da pizza é uma das que tem a fila mais extensa na ‘hora da fome’.
A receita para a deliciosa pizza frita é simples: massa caseira, molho de tomate e fatias de mussarela no recheio.
Mas o grande segredo é o carinho de todos os que põem a ‘mão na massa’, que trabalham de forma voluntária para que a pizza seja servida quentinha e com um sabor irresistível. A líder da barraca na festa do Senhor Bom Jesus e comunidades da paróquia, Maria Cleusa Basílio, conta como nasceu a tradição: “Essa pizza surgiu em Monte Alto em 1978. Uma senhora foi até a cidade de São Carlos na casa de uma parente e retornando a Monte Alto, convidou as amigas e elas fizeram a pizza na festa do Padroeiro, que ainda acontecia na Praça Central. Todos a chamavam de Lola Miranda e com uma das suas amigas, Antonia Bueno, após fazerem o teste da pizza em casa, deram início à venda da iguaria na festa e o sucesso foi muito grande”, contou ela.
Um dos segredos, de acordo com Maria Cleusa, é amassar bem a massa, abri-la com cuidado e fritá-la para comer na hora. O óleo não pode ser muito quente e nem muito frio, tem que estar na temperatura certa para servir. Sobre o processo de produção da massa, Maria Cleusa destaca: “A massa tem que ser feita com no mínimo seis horas antes de começar a festa ou antes de começar a fritar. No nosso caso, a massa é feita no Salão do São Cristóvão, com uma máquina própria que temos lá, porque a massa é feita de 10 em 10kg, já que a demanda é muito grande. Nas festas, fazemos em média de 80kg a 150kg”.
A pizza precisa de uma equipe relativamente grande, já que existe uma divisão de tarefas no processo. “Temos longas filas de pessoas que vão comer, então a equipe é muito eficiente e rápida, o que facilita o trabalho”. Maria ainda fala que a maior dificuldade é quando a equipe não está completa, o que afeta a otimização de tempo. Se tiver poucas pessoas para trabalhar, fica difícil, o que torna o trabalho em equipe fundamental. A barraca da pizza é sempre rentosa nas festividades e é vista como uma das estrelas da Festa.
COSTELÃO DO ABRIL
Dando continuidade ao tour gastronômico, vamos ao Costelão do Abril, ou seja, do Abril Restaurante, tradicional em Monte Alto. “O Costelão surgiu em um momento em que eu achei que precisava inovar algo no cardápio para atrair clientes nas sextas-feiras, e essa estratégia realmente funcionou. Isso aconteceu em 2002, e até hoje, o fazemos”, contou Nelson Abril, proprietário do restaurante.
Além do delicioso Costelão, existem outros pratos que são vistos como os carros chefes da casa, como a maionese, o filé a parmegiana e o feijão.
Nelson também conta sobre a rotina do restaurante: “Levantamos todos os dias às 6h da manhã e damos duro, muito duro. Diariamente, descascamos alho e cebola e priorizo muito para manter os padrões de higiene. A equipe do restaurante é sensacional, porque mesmo quando eu não estou por perto, eles continuam lidando com tudo com muito carinho, tanto no fogão quanto no atendimento. Tenho funcionários de 20 anos comigo, outros de 14, 8 anos, então dá para ver como funciona”.
O ‘senhor’ Abril, por último, relatou que manter o padrão de qualidade dos pratos também é um desafio diário, já que carece de muito cuidado e um trabalho de qualidade constante.
SORVETE DA MONI
Para os amantes de doce, sobremesas e aquele sorvetinho para refrescar principalmente nos dias mais quentes, falamos com a Super Moni, que entre cores e sabores, está sempre pronta para agradar os amantes da delícia gelada.
A Moni sempre traz novidades para os seus clientes, entre elas a mais recente, a Ice Kombi da Moni, que vai até os bairros para vender suas delícias e a Moni Fest, uma extensão da sorveteria que atende eventos como festas de aniversário e casamentos.
A história da Moni começou a 16km de Monte Alto, com uma família de Jaboticabal, cidade em que Sr. Luiz Jesus Agostinho deu início à sua experiência profissional. Seu cunhado, Francisco Montedor, o chamou para abrir a sorveteria primeiramente em Jaboticabal. Com a sociedade funcionando, Sr. Luiz decidiu abrir a própria sorveteria na vizinha cidade, nomeando-a de “Chic”. Após um período difícil, a família fechou o negócio em Jaboticabal e veio para Monte Alto, comprou a antiga “Super Moni” e conquistou, aos poucos, a população montealtense, construindo também a vida na Cidade Sonho.
“Ter um negócio em família não é nada fácil. Nós abdicamos de estarmos juntos muitas vezes, só conseguimos almoçar juntos duas vezes ao ano devido ao trabalho da sorveteria. Fora isso, separar família e empresa também é difícil. Estamos 24h pensando na empresa”, ressaltou Ana Lucia Agostinho, filha de Luiz e uma das responsáveis pelo negócio.
“Queremos agradar a todos os clientes e pensamos em conciliar tudo isso, com harmonia”, reforçou a empreendedora Ana Agostinho. Sr. Luiz sempre prezou muito pela qualidade dos produtos e a própria elaboração das receitas e conta que o maquinário da Moni é italiano e tradicional.
“O processo é rigoroso e trabalhoso. Desde a seleção de produtos, até mesmo importados, desde a fabricação das caldas das frutas”, ressalta Ana. A rotina da sorveteria conta com a higienização durante a manhã, a quantidade de produção de massas, caldas e posteriormente, a produção. Após a produção de cada massa, eles vão diretamente para a área de venda.
O trabalho em equipe é fundamental e a empresa trata todos os seus funcionários como uma família. Sr. Luiz sempre incentivou seus empregados a realizarem sonhos e buscarem seus objetivos. “Muitos chegam novinhos e meu pai, Sr. Luiz, sempre deu incentivos para que os funcionários tivessem oportunidades. Nós sabemos que é cansativo trabalhar no final de semana, em que é necessário servir os nossos clientes, e nós tentamos deixar isso o mais prazeroso possível”, destacou Ana.
Apesar dos momentos de dificuldade, Ana destaca que eles sempre se apoiaram. Os períodos mais frios são mais complicados, porém com quase 40 anos de empresa, a Moni sempre buscou meios para recuperação, dentre elas, a inovação. A pandemia também foi um período mais difícil para o negócio, que também ajudou a fortalecer o espírito empreendedor.
GALINHADA
Passando pelas comidas de quermesse novamente, encontramos a famosa Galinhada do Cuca Fresca. O responsável pela barraca na festa do Senhor Bom Jesus há 17 anos é o conhecido Toninho Cuca Fresca, juntamente com a sua esposa. A galinhada se tornou um dos carros chefes fundamentais de todas as quermesses (cujas barracas têm seus líderes) e eventos beneficentes de Monte Alto.
Toninho Cuca Fresca fala sobre a preparação da galinhada, que apesar de não ter segredo, o processo de preparação dos ingredientes tem que ser feito com muito amor e capricho, já que é tudo fresquinho. Além disso, os ingredientes na medida certa são essenciais em cada panela, já que em cada uma delas vão 5 kg de arroz, além dos demais ingredientes, que no final, resultam em 50 porções de galinhada.
“Nós temos uma equipe de aproximadamente 12 casais e muitos voluntários que no dia anterior preparam todos os itens, embalando separadamente cada receita equivalente a uma panela. Depois disso, coloca-se tudo em freezers para no momento de fazer só colocar na panela, o que otimiza o processo”, conta Cuca Fresca.
Além do delicioso sabor da galinhada, existem outros fatores que ajudam e muito para que a barraca continue seus trabalhos. “Somos uma equipe de voluntários que trabalha graciosamente e com harmonia e doação. Temos a felicidade de, bondosamente poder contar com doadores em que na maioria das vezes, o custo dos ingredientes é muito baixo ou até zero. Trabalhamos de várias formas tudo a título de colaboração para igreja, pessoas carentes, doentes, levantando recursos que no momento são necessários”. Bom sabor e boa ação.
Toninho ainda explicou que cada voluntário tem o seu fogão construído por eles mesmos com rodas de carro. Cada fogão tem a sua panela, em que cada voluntário fica responsável pela sua. Hoje são 13 fogões e a cada 40 minutos ficam prontas 13 panelas de galinhada com 50 porções cada. As voluntárias mulheres, muitas vezes esposas dos cozinheiros, já embalam cada porção. Normalmente os vales são vendidos com antecedência, o que permite uma boa base para a produção de acordo com as vendas. “Todo evento que trabalhamos é muito bem sucedido”, finalizou ele.
TORRESMO DO MI
Para finalizar o mini tour gastronômico do Imparcial, vamos para uma opção onde amigos podem se encontrar por horas ou até mesmo para curtir um finalzinho de tarde num happy hour: o torresmo do Mi.
O bar do Mi é um empreendimento que existe há 30 anos no bairro Califórnia, em Monte Alto. Na verdade, o projeto inicial era uma mercearia, criada em 1992. Mi é o apelido para Almir Rogério Simão Rodrigues. Ele e seu pai começaram a trabalhar juntos, e a mãe além de cuidar da casa, fazia alguns salgados para vender, inclusive o torresmo. “Eu, na época, estava com 18 anos de idade. Nós morávamos em Vista Alegre, nos mudamos pra cá e compramos essa mercearia que era de um senhor. Sempre trabalhamos nós três, em família, na mercearia com secos e molhados. E foi assim por muitos anos. Após eu perder meu pai, foi que decidi mudar de mercearia para bar, e claro, minha mãe continuou fazendo os salgados e o famoso torresmo”, contou Mi.
De acordo com ele, eles até pararam algumas vezes de fazer o torresmo e depois de um tempo voltaram novamente. Com a fama, as pessoas começaram a divulgar nas redes sociais, e com a divulgação, o público começou a aparecer ainda mais.
Mi conta sobre o segredo do torresmo: “sempre tem aquele segredinho de mãe nas receitas, não é? E eu com o tempo fui aprendendo também e aprimorando certas coisas, devido ao grande aumento da demanda. Uma coisa muito importante também é a qualidade da matéria prima. Sou muito exigente nessa parte. Do resto é o amor e a dedicação com que você faz as coisas, seja ela qual profissão for, você tem que dar o seu melhor”.
O bar tem horário de funcionamento de terça até sexta-feira das 16h às 0h e aos sábados das 10h30 da manhã até as 20h30. O torresmo é servido às terças e aos sábados. De quarta a sexta-feira, o cardápio conta com os variados tipos de espetinhos e porções, e nas quintas-feiras, também conta com a “costelinha na brasa”, muito saborosa e também considerada outro carro chefe da casa.
No Bar do Mi, além das comidas maravilhosas e dos petiscos, os clientes contam com uma variedade de tipos de cerveja, caipirinhas e drinks.
“Eu e minha esposa Márcia sempre procuramos conversar com os clientes nas mesas. Acho legal isso porque nem todo lugar você conhece o proprietário do local, e na minha opinião, isso acaba criando um elo de amizade com o cliente”, finalizou ele.
E por aqui, finalizamos o mini tour gastronômico da terra de sabores deliciosos. É claro que existe uma infinidade de outros sabores e especialidades que infelizmente não caberiam em uma só página. Já que opção é o que não falta, “bon appétit!”.