SUI GENERIS
A índole do brasileiro é gastar mais do que recebe com seu trabalho, contraindo dívidas que no futuro terá dificuldade para pagar. Isso foi posto à prova com a Pandemia. Assalariados viram o salário diminuir ou até zerar, como no caso de desemprego. Praticamente ninguém tinha reserva, como poupança ou ativos. Apareceu o que nunca foi imaginado, a ajuda de emergência do Tesouro, que também foi deficitário, porque os governos são perdulários comprometendo o Estado que mantém uma economia estável. O assalariado brasileiro aceita passivamente que receber o salário é ganhá-lo, que parece não fazer jus em recebê-lo pela troca do trabalho.
Se o próprio assalariado aceita ganhar o merecido, o Estado taxa o salário como renda. Como tudo é confundido, no Brasil o capital não é renda porque não existe e o salário é aplicado em bens de consumo. Trocar de veículo para o assalariado é ascender na escala social, o carro novo é capital, que por não saber calcular as taxas de inflação, seu dono se torna um aplicador ao revendê-lo com o lucro tido com valorização. No automóvel, a defasagem de preço provocada pelo uso é tida como um péssimo negócio, enquanto que com a geladeira é normal, a cerveja gelada é um lazer bem vindo, o passeio de carro, nem tanto.
O Brasil, segundo economistas internacionais, é o país que concentra o maior número proporcional de fechamentos de pequenos negócios, principalmente comerciais. Isso acontece porque o assalariado deixa o emprego e no acordo trabalhista recebe uma indenização. Com o valor recebido, resolve se estabelecer em algum ramo com ou sem conhecimento, baseado apenas com a necessidade capitalista e raramente é bem sucedido, sai do mercado sem o dinheiro inicial e com dívida. Junto com a ‘falência’ fica a incapacidade profissional, perdida com a demissão empregatícia.
Para valorizar esse protótipo de brasileiro, a sociedade o rotula de empreendedor, quando trata-se de um simples aventureiro, capitalizando crença e fé no negócio. Até ontem era empregado agora é dono do próprio negócio. Os humoristas de plantão dizem que são os ‘próprios otários’.
Vale como registro: o negócio mais rentável do mundo é o do pipoqueiro. O lucro atinge 5.000% livres. A conta é básica, compra-se a matéria prima por peso e a revende por volume – sempre à vista!
AMAZONAS
Um grande empresário de Manaus viajou para São Paulo. Na capital paulista ficou encantado com os pisos das casas, eram cacos de cerâmica, uma moda que os arquitetos inventaram durante algum tempo para aproveitamento das sobras de material.
O amanuense rico voltou para Manaus, foi até uma loja de material importado da Europa, pelo sistema Mercado Aberto, comprou centenas de metros de pisos do primeiro mundo, mandou quebrar tudo e colocou o piso moderno em cacos na mansão nova.
REPRISE
Quem ligar a TV e ver que a emissora está reprisando a trilogia do “O Poderoso Chefão” desliga para não assistir, levante a mão!
CALIGRAFIA
Mesmo que seja um pleonasmo de “grafia bonita” o vocábulo caligrafia é bem vindo, até por tradição. O que eu gostaria de ser é um professor de português para explicar e entender o significado dos “internentes” ou a intenção deles quando escrevem textos do tipo: aaammmooo você. Beijjjjooosss! Um abraaaaçççoo! (Trata-se, no mínimo, de uma comunicação entre ignorantes credenciados).
REPLAY
Apareceu na TV a semana inteira, de minuto a minuto, mesmo sendo branca, seu nome nada tem a ver com a cor. A Casa Branca deve seu nome desde que foi construída, a argila do local era mais clara do que as outras dos arredores.
A sede do governo executivo dos EUA ficou mundialmente conhecida como Casa Branca. Na mesma avenida, a Pennsilvânia, fica o Capitólio, que não é branco, é a sede do Congresso Nacional. Para destacar que o poder do Congresso é maior do que o do Executivo, o patamar do Capitólio é mais alto do que a Casa Branca, quem olha do primeiro para a segunda, percebe a altura, ao contrário, não.
CAPITAL
Monte Alto não é capital, seus poderes Executivo e Legislativo não são sediados na mesma rua. Não é necessária escadaria simbólica. Quanto ao nível entre os dois, um olhar basta: a Câmara está a metros abaixo que a Prefeitura.
PENSAMENTO
Desde a segunda pessoa a habitar a Terra, talvez a Eva, as opiniões surgiram divergentes. Cada um tem sua opinião e acredita ser a verdadeira. Isso é normal, o que demonstra anormalidade é impor razões com base na opinião sem fundamento. Pior que isso é o plágio de pensamento, a pessoa ouve alguém falar sobre qualquer assunto, parecendo que é a verdade absoluta e passa a divulgar a mesma coisa.
Com a internete aconteceu a facilidade de comunicação e assim que se toma conhecimento, digitalmente, de qualquer assunto, o “informado” divulga como se o conhecimento fosse seu com exclusividade. Nasce então o pensamento único, é o conhecimento sem fundamento. Os gênios se multiplicam de teclado em teclado!
FRASE
“Monte Alto tem chance de se tornar a capital do Estado? (Pergunta feita por um vereador local quando Maluf disse que poderia mudar a capital paulista).
