Defronte de uma tela, um professor tenta tecer um diálogo com os seus alunos usando todos os artifícios possíveis para que haja uma interação. Mesmo se sentindo sozinho, por via das vezes, ele busca no seu íntimo as forças necessárias para que a aula saia daquele monólogo cansativo. Fica ali sentado na sua solidão na esperança de que alguma alma possa abrir o microfone para lhe fazer companhia. Defronte de uma tela, há um profissional preocupado em exercer o seu trabalho neste momento atípico na qual ele está vivendo.
O professor não mede seus esforços para que o conhecimento seja transmitido e o conteúdo finalizado. Ele reflete sobre as suas práticas e tenta, diariamente, melhorá-la, trazer o aluno consigo e tornar aquela solidão num ambiente dinâmico e descontraído. Obviamente que, para ter sucesso, o professor precisa daqueles que estão do outro lado da tela, da sua empatia, da colaboração e, principalmente, o mínimo de força de vontade. Professor e aluno parecem viver em mundos paralelos: este apenas ouve (ou finge que ouve); aquele, apenas fala. A pedagogia moderna condenaria esta prática se estivéssemos em dias normais de aula.
Este professor defronte de uma tela ainda sonha com os sonhos de seus alunos. Mesmo distante, ele consegue enxergar as angústias, as preocupações e a frustração de um ano letivo longe de seus mestres e de seus amigos de escola. Sente certa incapacidade por não poder acolher e nem suavizar este momento doloroso com uma conversa olho no olho. Ele vai tecendo as esperanças com palavras lapidadas. Mesmo que aqueles por de trás da tela não reconheçam o seu trabalho, o docente continua perseverante na luta por uma educação de qualidade nestas aulas síncronas ou gravadas.
Cada professor que exerce o seu ofício com louvores, vai dando o seu jeito para que a educação não pare. Diante de uma tecnologia desconhecida, superou os seus medos e desafios a fim de que pudesse mais uma vez mostrar o seu valor. Defronte de uma tela existe um profissional a ser valorizado e acima de tudo respeitado por uma sociedade que vive a desrespeitá-lo.