Um dia nos disseram que o futuro da educação seria uma sala de aula sem professor e que, provavelmente, o destino seria com as aulas todas à distância; que o ofício de professor entraria em extinção; que os alunos não dependeriam mais de um professor para se adquirir conhecimento. Pobres profetas por proferirem tanta podridão. Pobres de espírito em profetizar o impossível.
Esta reclusão educacional que estamos vivendo é a prova de que o mundo precisa de nós professores. Infelizmente, aprenderam a valorizar este ofício transformador de uma forma dolorosa e impiedosa. As crianças precisaram chorar para valorizar o professor; os pais precisaram se exaltar para perceber que educar as crianças em casa não é a mesma coisa que educá-la na escola. As crianças precisaram ficar sem os amigos, sem as brincadeiras, sem as atividades lúdicas e, não obstante, precisaram sofrer com o aprendizado das aulas remotas para perceberem o quanto escola/professor são importantes.
Tantos fatos têm se passado ultimamente que a saudade do ambiente escolar tem feito da educação uma necessidade que jamais as pessoas pensariam que fossem sentir. Outrora, todos queriam se ausentar; agora, todos querem frequentar. Foi preciso, indubitavelmente, aprender pela dor, pelo dissabor e pela necessidade para valorizarem esta simbiose educacional.
O mundo da docência e da escola depois desta pandemia deverá ser outro mundo. A escola deverá ser tratada com mais respeito e os professores serão espelhos de tudo aquilo que faltou nesta reclusão forçada. Quando falamos em espelho é porque há sentimentos que são escassos dentro dos lares, mas que são encontrados apenas no diálogo com o docente. Ora, por que não podemos profetizar as coisas boas que devem acontecer daqui para frente? É um tanto irônico pensar no que pode acontecer, mas não é utópico. O ser humano sempre aprende a dignificar o que lhe é retirado de modo repentino quando este sofre por aquilo que ele sabe que é essencial, mas não dá o devido valor. Aprendemos com as lágrimas, com a ausência e com o sofrimento; voltar-nos-emos com a dignidade, com a dor de uma saudade e a esperança de dias melhores. Os profetas erraram. O professor é insubstituível.