Num remoto vilarejo no Vietnã chamado de Huoi Ha, os pais estão embalando crianças dentro de sacos plásticos. O motivo deste ato é devido à enchente do rio que cobriu a ponte feita de bambu. O mais perturbador de tudo isso, além do título que inicia este semanário, é de que eles atravessam o rio lamacento com os sacos fechados. Isto até aparece um ato desumano nas primeiras linhas que se seguiram. Entretanto, a causa deste absurdo todo é boa: fazer com que os filhos cheguem à escola secos e limpos.
Quando não há alternativas, o jeito é arriscar a própria vida. Que exemplo! Atravessar um rio caudaloso e lamacento com crianças dentro de sacos plásticos para poderem estudar. Um dos argumentos dos responsáveis é de que os filhos não criem desculpas para faltar às aulas. E mais: após a travessia, as crianças percorrem um caminho de mata fechada por cinco horas até chegarem à escola.
Vamos fazer comparações: no Brasil, tem-se o transporte público totalmente gratuito para os alunos estudarem. Porém, uma boa parte desses meios de transportes tem sido vandalizado por aqueles que o desfrutam. Muitos dos responsáveis colocam empecilhos para que os filhos não vão à escola. A maioria destes argumentos, na verdade, são desculpas esfarrapadas dos próprios responsáveis que não correspondem com as suas responsabilidades. As crianças não têm a maturidade suficiente de saber a importância de estar na escola. Não sabem que é a única obrigação que eles têm. Se os responsáveis não lapidarem isto, teremos cada vez mais alunos evadidos.
Pergunto-lhes: será que, aqui no Brasil, faríamos as mesmas coisas com os nossos filhos? Colocá-los em sacos para atravessar o rio e manda-los à escola? Com toda certeza, não faríamos. Um exemplo que comprova a pergunta foi na época da falta de combustíveis nos postos de gasolinas. Quantos pais deixaram de levar os filhos à aula alegando que não tinham combustível para tal! Precisamos decidir o que é prioridade para os nossos filhos. Cercá-los de tecnologias é dar uma falsa felicidade; incentivá-los a estudarem e mostrar a sua verdadeira importância, estaremos lapidando seres humanos com condições de serem felizes, talvez, bem renumerados.
