Semana 90

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Segui viagem e deixei a fome apertar. Cheguei no meu destino, uma cidade chamada Tepatitlán de Morelos, com o estômago roncando, e fui direto a um restaurante. Entrei com bicicleta e tudo, sentei e pedi um monte de coisa gostosa. O restaurante era uma graça, decoração com cores e cheiro de México. Comi agradecido, estava estampada na minha cara a felicidade que eu sentia por estar ali. Gemidos de prazer foram inevitáveis enquanto eu mastigava, cada grão de arroz tinha um imenso valor. Pedi a conta e tirei da carteira a nota que a Soledad me deu. O garçom, que voltou à mesa de mãos vazias, me disse algo que eu nunca havia escutado: “A mesa ao lado vai pagar sua conta”. Não entendi, tive que perguntar duas vezes o que ele queria dizer, até que olhei pro lado e vi toda uma família sorrindo e abanando a mão… e o pai da família explicou: “É um presente de boas-vindas, não se preocupe”.
Levantei, fui até eles, agradeci, contei o valor que aquela atitude tem pra mim e me despedi. Nessa altura do campeonato, já não havia mais espaço dentro de mim pra tanta satisfação, mas ainda deveria guardar lugar porque os presentes iriam continuar, e eu sentia isso. Mais uma vez fui à prefeitura, onde fui recebido por todos com muito bom humor, era dia de festa política na cidade. Um dos secretários, o Norberto, me disse que o responsável pelo trâmite do hotel só chegaria a noite e que eu deveria esperá-lo.
Tudo bem, sem problemas, a praça central estacruzva em clima de festa, famílias e crianças por toda parte, e por lá eu fiquei. Coloquei a Princesa sentada num banco e sentei do lado. Conheci um monte de gente por causa dela, que chama mais atenção que melancia no pescoço. Crianças pedindo pra tirar fotos, senhoras me trazendo milho, pipoca, algodão doce, uma tarde deliciosa, em total integração com a população local.
Até que as 8 da noite o responsável chegou e me levou ao hotel, que ficava justo ao redor da praça. Entrei e quase cai das pernas. Pra quem tá viajando de bicicleta, aquilo é quase 7 estrelas. Além disso, fui convidado pra festa da prefeitura: “Toma banho e desce, te esperamos no salão”. Que alegria, cheguei no dia certo. O salão estava cheio: banda ao vivo, janta da melhor qualidade, tequila e muita gente bonita. E assim terminou um grande dia, cheio de presentes e anjos, do jeito que eu mais gosto.
A ideia seria ficar só uma noite, mas não consegui. Acordei com a mocinha do hotel ligando no quarto: “Bom dia, o senhor vai embora hoje ou vai ficar mais uma noite?” … Pensei por três segundos e respondi com firmeza: “Eu fico”. Era sábado, a cidade estava num clima muito gostoso, pessoas educadas, tudo muito tranquilo, fiquei. No domingo eu acordei com preguiça mas fui mais forte que ela. Segui viagem rumo a uma cidade chamada San Juan de los Lagos, porém, fui parar em outro lugar, totalmente fora do caminho, graças a mais um grande presente: Enquanto pedalava, uma família parou a caminhonete no acostamento e me ofereceu carona. Antes de chegar no México, eu tinha em mente não aceitar caronas, não queria cortar caminhos, mas aqui no México a coisa está sendo diferente. Esse país é o meu destino, já cheguei, agora, só quero deixar as coisas acontecerem, sem nenhuma regra que me limite:
– Olá amigo, quer uma carona?
– Vão bora !!
Era o Beto, com sua esposa Romina e sua filha Nahomi, de 5 anos. Entrei sem saber exatamente pra onde eu iria. Eu poderia descer na próxima cidade ou seguir pra onde eles quisessem me levar, e eu escolhi a segunda opção. Eles moram em uma cidade chamada Aguascalientes, e aqui eu vim parar. E essa família é maravilhosa, estão me tratando daquele jeito que vocês já sabem, creio que já nem preciso explicar. Me explicam tudo sobre a cidade, me levam a conhecer tudo, me apresentam a todas as pessoas. Ontem foi feriado e todo o quarteirão se juntou pra um almoço na rua. Cada família levou sua especialidade, imaginem o banquete…
Agradeço muito ao meu grande Paizão, que vem colocando tantas mensagens em minha vida pra que eu possa crescer, como por exemplo, o encontro com meu amigo andarilho Juan, que me trouxe de volta aquela alegria que eu deixei de sentir por uns dias, me fazendo valorizar ainda mais tudo o que tenho. Foi impressionante como aquelas angústias desapareceram depois de ter compartilhado lágrimas com ele. E então eu peço a minha família que não se preocupe porque está tudo bem, eu voltei ao trilho, muito mais forte, com uma Fé ainda mais poderosa e uma alegria que não se explica.
Comecei desanimado, a inspiração não vinha a cabeça. E agora eu termino de escrever com muita alegria. E assim é a vida, dias de sol, dias de chuvas, outros de tempestade, mas que lindas são as tempestades, não? Agradeço mais uma vez aos leitores, por acompanharem, por mandarem tanta energia positiva. É isso que me fortalece a cada dia e me enche a vida de alegria…
Ah, e só pra terminar: Daqui 12 dias outro grande amigo vai me encontrar em Cuba, dá pra acreditar? Ah, e outra coisa: Esse diário representa um momento muito importante da viagem, porque ele representa o ponto mais ao norte da minha viagem, no próximo eu já estarei pedalando rumo ao sul, estarei voltando pra casa. Ah, e só mais uma coisa: Daqui 27 dias vou me encontrar com outras pessoas, mas elas são tão especiais, que eu não vou nem falar quem são, contarei tudo no próximo diário…
Gente, não tenho mais palavras, vocês são demais!
Desejo a todos muita Paz, Amor e Alegria!
Fiquem com Deus!

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