Estudando a história, nossos antepassados pareciam ter maior capacidade de superação que a sociedade moderna e, também, enfrentavam muito mais situações adversas. Talvez eles não possuíssem tantos fatores de proteção como conhecemos e sabemos existir hoje em dia, mas talvez também não tivessem tão expostos a fatores de risco como, por exemplo, a violência urbana.
Fatores de risco são todas aquelas situações (violência, desemprego, falta de acesso à saúde e educação) que aumentam a chance de um indivíduo desenvolver vários tipos de dificuldades, dentre elas os transtornos emocionais e os fatores de proteção (família estruturada, acesso à moradia, saúde e educação, entre outros) são aqueles que, quando presentes na vida de uma pessoa, tendem a favorecer seu desenvolvimento.
Para entender sobre a capacidade de superação podemos utilizar a palavra resiliência. Atualmente, esta palavra está sendo muito aplicada na área de psicologia e significa a habilidade humana de se recuperar de situações difíceis e seguir em frente, alcançando resultados positivos.
Esta capacidade de superar dificuldades não é igual para todos, alguns são mais resilientes que outros, isto é, são mais capazes de enfrentar situações adversas e superá-las, enquanto outros encontram mais dificuldades e sofrem mais conseqüência na vida cotidiana.
Outro fato a ser considerado é que cada um possui o que podemos chamar de variação individual em resposta a algum tipo de risco: os mesmos fatores estressores podem ser experimentados de forma diferente por diferentes pessoas.
Algumas características que encontramos frequentemente nas pessoas consideradas resilientes são a sociabilidade, a criatividade na resolução dos problemas e senso de autonomia. Entretanto, ser resiliente não significa que o indivíduo passe por situações difíceis ou períodos de crises sem sofrer nenhum tipo de consequência, que não tenha nenhum sofrimento, ou que reaja sempre da mesma forma diante dos problemas, mas sim que possui mais recursos para superar a dificuldade e maior potencial de ter sucesso em sua história de vida após ultrapassá-la.
Um exemplo bem claro de indivíduos resilientes são aqueles que viveram situações completamente desfavoráveis na infância – e que teriam todos os requisitos para não se desenvolver bem – e acabam se tornando pessoas brilhantes em determinadas áreas. Ou crianças com algum tipo de deficiência, com prognóstico desfavorável, que se desenvolvem além do esperado, surpreendendo equipes especializadas. Podemos citar aqui pessoas que sofreram violência física quando pequenas, que foram abusadas, ou que viveram situações de extrema pobreza, com sérios problemas de saúde.
O importante é que independente do grau de resiliência, todos nós podemos em determinado momento de nossas vidas melhorar nossa capacidade de superação diante das dificuldades e aumentar nossa habilidade para solucionar nossos problemas, sejam eles emocionais ou não. Mesmo levando-se em conta a diferença e adequação dos recursos (internos ou externos) individuais, sempre é possível mudar e evoluir e o ponto de partida para estas conquistas é querer que isto aconteça.