Educar deveria ser um ato poético. Sim, um ato poético. Uma criação poética. A poesia é manifestada através da observação, da emoção e do sentimento. A educação deveria ter todos esses processos dentro da sala de aula. Observação para que possamos enxergar todos os problemas em sala e, consequentemente, resolvê-los em longo prazo; emoção para podermos desfrutar dos objetivos alcançados em cada grau enfrentado pelos nossos alunos; sentimento para que possamos voltar aos mesmos problemas e fazer tudo novamente sem pressa de vê-los evoluírem.
A educação deveria seguir a poesia dos modernistas quando cogitaram o uso de versos livres. Cada professor sabe o que é viável e o que não é para a sua turma. As imposições daqueles que estão há tempos fora da sala de aula, sempre estão em desacordo com aquilo que se pratica. O professor tem que ter – como era feito na poesia modernista – a sua liberdade de criação ao preparar a sua aula. Adequar o material e o assunto também se torna um ato poético, pois se trata da preocupação (sentimento) que o docente ter em lecionar uma boa aula e fazer com que a sala aprenda.
É óbvio que o currículo, matrizes e pensadores são fundamentais para o seu sucesso, mas o poder da criação para a transmissão de conhecimento é muito subjetivo. Cada profissional tem o seu estilo – às vezes ultrapassado , às vezes inovador – para a transmissão do conhecimento. Todas as formas de lecionar são aceitas, desde que haja o interesse do professor em dar uma boa aula.
O poeta, ao compor a poesia, seu objetivo é tocar na alma das pessoas; a educação, além da alma, toca a cognição e o prazer em descobrir o mundo através da leitura. É por isso que esta analogia é viável. Tudo de educar tem no poetar e tudo no poetar tem no educar. Nós é quem não enxergamos a poesia que emana na sala de aula.
Cada criança é um verso a ser estudado e compreendido. Uma estrofe a ser declamada de peito aberto. Cada criança tem suas métricas regulares e irregulares. Não há rimas ricas e pobres no poetar infantil. Ela só precisa saber que ela rima com o mundo e o mundo só rimará com ela a partir do momento que ele adquirir a compreensão do mundo no qual vivemos.