Existe uma grande diferença entre as palavras consumo e consumismo. Segundo definição do dicionário, o consumo é quando a pessoa adquire aquilo que lhe é necessário. Já o consumismo se caracteriza pelos gastos excessivos em produtos supérfluos; gastos estes movidos, principalmente, pela agressiva propaganda em todas as mídias e pela necessidade de se ter e acumular cada vez mais “coisas”.
A necessidade de consumo pode tornar-se uma compulsão, uma patologia comportamental. Algumas pessoas passam a comprar compulsivamente coisas de que realmente não precisam podendo, inclusive, furtar ou roubar pelo desejo de possuir algo cujo significado é essencialmente simbólico. Muitas vezes o comprar, nestas situações patológicas, mas não exclusivamente nelas, está ligado a preencher ou amenizar faltas ou ausências que acontecem por outras situações e/ou conflitos emocionais.
Por exemplo, quem nunca comprou algo porque estava triste ou ansioso e depois de efetivada a compra percebeu que não precisava ou não tinha mais interesse no item comprado?
As datas comemorativas, no geral, estimulam cada vez mais a aquisição de bens, de todos os tipos e valores. Nada contra as comemorações e o ato de presentear ou trocar presentes. Mas, tudo feito dentro de uma situação que tenha, também, significado e limitado pelo bom senso do que pode ser útil e do que é completamente dispensável ou mesmo inadequado.
As crianças são as que ficam mais expostas a esta loucura do ganhar e do ter. São bombardeadas por centenas de propagandas, não só de brinquedos e jogos específicos para elas, mas também de outros produtos que tem a intenção de usá-las para incentivar os adultos a comprar, também. Vemos isto claramente nos produtos alimentícios, com nomes e imagens de personagens infantis, por exemplo, e muitas vezes de baixa qualidade ou contra indicado para crianças.
Sem ter ainda a consciência e maturidade para diferenciar e selecionar esta quantidade absurda de estímulos, principalmente visuais, as crianças passam a querer tudo que veem. Muitos pais despreparados ou mesmo sem perceber, acabam por aceitar e estimular isto.
Nosso planeta, o meio ambiente, os recursos naturais gritam por mudanças na forma como usamos e consumimos tudo. A necessidade urgente de economias cada vez mais sustentáveis e o simples fato de que não é necessário ter tudo, não permite mais que façamos de conta que nada disto tenha que ser pensado e revisto.
Já estragamos muito do que vamos deixar para as futuras gerações, fora as consequências que já sofremos agora, tanto nas questões físicas e ambientais quanto nos valores e prioridades.
Que possamos ter menos coisas e mais valores. Menos objetos e mais sentimentos. Menos propaganda, em todos os sentidos, e mais vida de verdade.