Por toda nossa vida procuramos e almejamos coisas. Em cada fase, traçamos objetivos e forma de alcançá-los e, na verdade, são estes planos traçados que nos impulsionam a seguir em frente.
Para os pequenos: brincar a cada dia mais! Para os maiores: terminar os estudos, arrumar o primeiro namorado, passar no vestibular para alguns, enquanto para outros a luta pelo primeiro emprego, fazer carreira e ser bem-sucedido. Namorar sério, casar ou morar junto, construir sua própria casa, comprar um carro ou viajar pelo mundo, ter ou não ter filhos. A cada idade, sua fase e seus sonhos.
E assim completamos os ciclos da vida. Alguns dias bons e felizes, outros mais cansativos e sobrecarregados; uma semana se estende à outra, de um mês passamos ao outro e assim também acontece com os anos.
E por todo o tempo procuramos a felicidade. A felicidade através da realização dos desejos, da concretização dos sonhos, da busca contínua por algo. E porque será, então, que tantas pessoas estão insatisfeitas, porque tantas pessoas não se sentem felizes, sentem-se deprimidas e angustiadas?
Será que nosso conceito de felicidade está errado? Será que felicidade é a ausência completa de problemas, de angústias, de tristeza e de frustrações? Ou será que tudo isto faz parte justamente da construção dos momentos felizes? A felicidade pode durar um minuto, uma hora, um dia ou mês e voltar novamente dali a alguns minutos, alguns dias ou alguns meses, justamente porque ela é feita de pequenos momentos, que tantas vezes não valorizamos ou não prestamos atenção.
Por que procuramos projetos ou dias grandiosos para sermos felizes se tantas coisas mais simples e mais fáceis podem trazer tanta felicidade, ou mais, do que grandes conquistas? Quem não consegue ver a felicidade no sorriso dos pais ao encontrar os filhos correndo ao seu encontro após um período de ausência? Quem não consegue encontrar a felicidade ao encontrar seu companheiro de vida após um dia exaustivo de trabalho e achar o conforto em um abraço apertado e um beijo de boas-vindas? Quem um dia já não admirou a perfeição da natureza e sentiu-se bem só de estar contemplando uma paisagem maravilhosa?
E nossas crianças não estão em um caminho diferente disto. Quantas vezes nós, pais ou cuidadores, olhamos sem saber o que fazer com nossas crianças por não se satisfazerem com nada, mesmo quando ganham algo que queriam muito ou fazem um passeio muito legal? Ou, então, se interessam por pouquíssimo tempo e simplesmente, após conseguirem o desejado, deixam de gostar?
Talvez, por esperarmos o pacote completo da felicidade ser entregue, algum dia, na porta de nossas casas é que deixamos passar tantos momentos importantes. Parece que estamos olhando para o lado errado e nos tornando pessoas eternamente insatisfeitas por nunca alcançar a totalidade da realização pessoal e profissional esquecendo, assim, que através dos problemas e das derrotas também se constroem as vitórias.