O ser humano, quando vem ao mundo e como prova da sua existência, é pautado através do papel. Quando nascemos, precisamos no registro para provar a este globo terrestre nossas origens, e desde quando o habitamos. Nossas primeiras necessidades fisiológicas são limpas através daquele lenço umedecido com base na folha de papel. Nossos primeiros registros escritos, nossa primeira carta de amor, a primeira conta a pagar, a notificação da conta não paga, a solicitação, o requerimento, tudo envolve uma vida de papel.
Quando alcançamos o auge da nossa felicidade em comunhão com cristo, lá está ele para comprovar as nossas escolhas. Porém, quando o nosso mundo vem ao chão, é ele quem registra os momentos de sofrimento, de uma vida construída a dois para tudo se terminar num trato de papel. E quando chegamos ao fim da vida, é ele que novamente desfaz tudo aquilo que fomos quando nascemos, mas também traz a discórdia em família para lutar pela nossa herança que deixamos em vida. Tudo se resolve num papel.
Entretanto, a maior espiritualidade numa vida carregada de folhas e mais folhas, é o que deixamos anotado no coração das pessoas. Este é o maior registro da humanidade. A folha escrita pode provar o que é concreto, mas é o espírito quem tem o poder de registrar os nossos principais atos em vida e a correção dos nossos defeitos.
Uma simples borracha pode desfazer inúmeros acordos; uma simples palavra proferida pode ascender à índole de um homem ou ser enterrada junto, quando chegar o seu juízo final. Apegamo-nos diariamente num mundo de folhas em branco que ao findar o dia, comprovam o quanto estamos presos ao trabalho excessivo. Não conseguimos ler o papel deixado pelo filho; aquele com dizeres de amores e abastado de corações ao redor de um simples desenho. Simples, porém com um significado muito mais valioso do que qualquer outra folha.
Nesta vida, estamos virando o rascunho dos nossos projetos. Estamos presos ao alicerce dos nossos sonhos. A nossa vida, na verdade, é um rabisco. Este visto de várias formas e vários anglos que contém um pequeno detalhe: o ponto final. Para tudo há um ponto final. O irônico disso tudo é que os papéis se reciclam, e nós viramos pó. Numa folha, há a possibilidade de se escrever uma nova história; nós, os humanos, temos apenas uma. Vamos nos moldando através de uma vida de papel e não vemos o quanto ela é importante. Em muitos casos, descartando pessoas como bolas de papel. Ela, a bola de papel, quando desfeita, fica toda amassada. Assim são as pessoas que perdoamos. E quando nos dando conta dentro de toda essa vida, é de que também somos folhas amassadas para muita gente.
A vida é de papel. É frágil. A bondade da alma é o único registro fiel que podemos fazer nos corações das pessoas, com a assinatura e firma reconhecida por Deus.