MADE IN BRAZIL
As empresas multinacionais, principalmente as do setor industrial, se instalaram no Brasil, não porque gostam do país ou por mérito nosso, antes e depois da globalização, mas por interesse nos privilégios que as leis nacionais proporcionam à exploração produtiva e especulatória aos estrangeiros, que ao chegarem no país, se “tornam nacionalistas” desde criancinha. A remessa de lucros no Brasil é um maná para as multinacionais. As empresas mundiais recebem do Brasil uma isenção fiscal satisfatória e até subsídios de grande monta, sempre com a contrapartida de emprego, que nem sempre existe à altura. As multinacionais gostam da mão de obra brasileira, é uma das mais baratas do planeta, apenas os trabalhadores chineses e indianos trabalham por menos. Naqueles dois países as empresas temem as nacionalizações, um fantasma sempre rondando. No Brasil esse perigo não existe.
Recentemente uma empresa anunciou que vai fechar sua unidade brasileira, que emprega cerca de três mil trabalhadores direitos e segundo o sindicato do setor, outros nove mil (um pouco de exagero) empregos indiretos e paga de impostos municipais da cidade sede, o equivalente a 20% do total da receita do município, sem contar com o movimento comercial movido pela folha salarial. Segundo a filial a ser fechada, a matriz deu ordem para suspender a produção e fechar a empresa, porque os produtos serão exportados da matriz para o Brasil pelo mesmo preço e qualidade. Se a empresa foi beneficiada com renúncia fiscal, os cofres do país aceitam ressarcimento.
CAMPO SANTO
No Brasil Colônia e Imperial, os mortos eram tratados com rigor pelas leis. Havia regras para velórios, enterros e translados. Mesmo assim, o povo fazia valer seus costumes cotidianos e crenças religiosas. Como no país existiam europeus livres, africanos escravos e nativos civilizados, os mortos recebiam tratamento diferente, muitas vezes curiosos, a vontade expressa antes da morte sempre era satisfeita, mesmo que exagerada ou cara. Afinal morto é morto.
Até o ano de 1900, já na República, nos velórios de crianças até sete anos, em muitas províncias, destacando a Bahia, era proibido chorar, segundo a crença católica. Essas crianças eram consideradas anjos e subiriam ao céu levadas pelos anjos celestiais, se alguém chorasse no velório, as lágrimas molhariam as asas dos anjos, impedindo-o de subirem ao céu voando.
CONSOANTE
Nos idiomas africanos falados pelos escravos no Brasil e em Tupi-guarani o som da letra R do português não era pronunciável. Até agora, no interior do país, o povo, principalmente o analfabeto, ainda tem dificuldade nessa pronúncia, quando tônica ou em duplicidade (falam “bariga” em vez de barriga ou “vixe” no lugar de virgem).
Foi assim que a expressão de surpresa ou espanto “Virgem Maria”, passou a ser pronunciada como “vixe” Maria. Até universitários chegam a usá-la! Mais resumida ainda: VIXE.
UFANISMO
Na semana seguinte ao 7 de setembro de 1822, os cariocas foram levados a um surto de patriotismo exacerbado, que foi mesmo um ufanismo escrachado. Os homens na época usavam um penteado com o cabelo brilhantinado, repartido ao meio, a moda ganhou um reforço físico, a divisão do cabelo feito pelo pente, passou a ser cortado pela navalha, ficando mais largo, cerca de três centímetros.
O corte recebeu o nome de Estrada da Liberdade. Até quem usava chapéu aderiu.
FRASE
“São vacas sem pernas”. (Navegador espanhol Balboa, ao chegar nas praias do Pacífico, vendo milhares de focas).
A espanholada nunca vira o animal e estava sem comida, que provocou a morte de alguns marinheiros, até que um marujo português deu um alozinho aos companheiros com fome: mantem as vacas sem pernas e comam! (Os espanhóis eram mais burros que o amigo Joaquim).
REJEITO
Monte Alto tem serras que podem conter milhões de toneladas de metais, entre eles o ferro. As possíveis jazidas nunca foram prospectadas e sequer houve cogitação política para isso. Se não aconteceu, jamais acontecerá, principalmente pelas ocorrências de rompimento de barragens em Minas Gerais.
Na nossa urbe houve em 1959 um rompimento de barragem, na verdade, represa com água e muito peixe. Foi o chamado açude da Aparecida. O aterro original era diferente ao atual, ele apenas represava a água, não havia passagem sobre ele, a estradinha municipal passava logo abaixo, sem ponte, a vazão era pequena e era possível atravessar a água. Os animais das charretes paravam para beber e quem estava a pé atravessava com um pulo.
No dia do rompimento, foi de madrugada, o estouro da água levou com a força, parte do moinho que havia abaixo, até a mó rodou alguns metros (mó é a pedra que tritura o milho para fazer o fubá, daí moinho e moer). Abaixo do aterro formaram-se bolsões de água, nos quais os peixes pulavam devido ao baixo nível. As pessoas pescavam com as mãos. Eu e meu pai passamos lá, levamos peixe para casa e voltamos sem fubá. (quebrei o ditado: não voltei com o fubá enquanto os outros iam com o milho).
PHILLOS
Era um poeta escravo.
Escrevia versos livres.