VESTIBULAR
Volto ao tema da redação. A pergunta é a de sempre: é dom ou técnica? Para redigir ambos são necessários. Quem tem o dom e não domina a técnica compromete o texto, elaborando ideias no contexto de alto teor intelectual; porém, os erros de gramática anulam a criatividade. O mesmo acontece com quem tem domínio técnico sem ideias na elaboração textual, a redação primorosa fica sem sentido e o texto se resume a um tratado linguístico, com teor impecável sem mensagem alguma.
A redação nos vestibulares deveria ser extinta. Um candidato que pretende cursar física, química ou matemática não tem a mínima necessidade de redigir texto. A exigência deveria ser das instituições específicas. No caso de direito, pedagogia e letras, entre outros cursos, a redação seria obrigatória e com poder de eliminação. Não é concebível um advogado sem domínio de texto. A nota de corte na redação pelos estabelecimentos teria a variação de acordo com o curso. Quando dei essa sugestão a um grupo de pessoas, informalmente, alguém perguntou: e os médicos? Respondi que não precisam de redação e sim de caligráfica cursiva.
TESTE
O Brasil não quer estudante bem sucedido nos seus respectivos cursos, isso fica claro nos vestibulares. Basta saber superficialmente e chutar bem. Refiro-me às escolhas múltiplas. A verdadeira sabedoria é aquela que a memória, aliada ao conhecimento, se manifesta da profundidade do intelecto, sem sugestão ou auxílio de qualquer ordem. As respostas de múltipla escolhas viciam o intelecto, que não vê a necessidade do conhecimento coercitivo. A múltipla escolha é lazer não é manifestação intelectual.
MEDIUNIDADE
João Teixeira de Faria está preso suspeito de vários crimes. A primeira suspeição sobre ele deveria ser pelo codinome adotado: João de Deus. A mídia, por sua vez, o trata como médium. Esse tratamento não condiz com o real significado da mediunidade. Apenas a própria pessoa pode se identificar como médium, porque é um processo cerebral que todos possuem. O nosso cérebro tem a própria identidade, que é imutável. Quem revela que eu sou eu é meu cérebro. Sua capacidade se estende a múltiplas entidades, que são adotadas conforme a necessidade ou convivência. Enfim, são os neurônios agindo. Para o espiritismo tais identidade são espíritos de pessoas mortas, que assumem como entidades do bem ou do mal, sem que a pessoa – o médium – tenha controle.
Alegando mediunidade proliferam os charlatões pelo mundo durante a existência da humanidade. A mediunidade é uma defesa da identidade através das entidades. É muito cômodo culpar quem não pode ser identificado. Muitos criminosos alegam que praticaram o crime possuídos pelas entidades do mal. A defesa tem fundamento porque nunca qualquer entidade pagou pelo seus crime imputado.
Como não se pode confundir alma (que não existe) com espírito que é uma condição cerebral. Há 130 anos os escravos no Brasil não tinham alma, porém, havia a prática de chacinas ou assassinatos praticados por eles tomados de entidades que os possuíam. Uma vez libertos ganharam o reconhecimento da posse de alma.
METRÓPOLE
Assim como o Brasil, Moçambique foi colônia de Portugal, como era menos produtiva, o país africano era tratado com diferença pelos colonizadores, que humilhavam os moçambicanos com leis rigorosas sobre costumes e cultura próprias da África. Mesmo discriminados, os moçambicanos não perdiam as oportunidades para a resposta à altura aos seus colonizadores.
O povo de Moçambique não podia construir casas de alvenaria, era obrigado a morar em casas de zinco, mesmo material das pocilgas e galinheiros. Funcionava o jeitinho brasileiro, eles construíram casas de alvenaria e por fora as forravam com folhas de zinco. Apenas uma vistoria minuciosa seria capaz de descobrir.
APITO
Karl Marx bateria a cabeça na parede se viesse ao Brasil para vistoriar como nosso proletariado encara o patronato. Mesmo que o emprego no país seja escasso, o funcionário, principalmente o fabril, é um autêntico subempregado, porque aceita o salário que não acha justo, com a compensação da cesta básica. Ora, ter o salário no bolso suficiente para escolher o que comprar, para consumir como quiser, não é ideologia é o trabalho exercendo seu sagrado direito dentro do conceito capitalista. Ou será que o capitalismo sobreviverá sem o trabalho?
POTÁVEL
Dessanilizar a água do mar para torná-la potável é uma tecnologia dominada. Muitos países adotam o processo, inclusive Israel, que é um imenso deserto, com grande parte cultivável devido à irrigação. Os judeus (nem todos são) de Israel não se contentaram com a dessanilização, deram um passo a mais, um imenso pulo: estão extraindo água da umidade do ar.
FRASE
“O brasileiro não gosta de sucesso”. (Tom Jobim)
MUSA
A humanidade é machista. Sempre foi, porque a mulher em função da maternidade, que a impedia de participar da vida ativa da comunidade, não se importava com a delegação dada ao macho. Além dos nove meses da gravidez, a mulher fazia resguardo durante a amamentação e mal acabava o período, vinha a nova gravidez. Uma mulher durante sua vida procriativa tinha em média 10 filhos, ou estava grávida ou amamentava.
No tempo de Jesus o machismo era acentuado. Os homens recebiam o nome próprio seguido com a origem de berço. Exemplo: Jesus de Nazaré e José de Arimateia. A mulher não podia fazer o mesmo, o nome dela era básico, sem sequer mencionar a origem familiar. Exemplo: Maria e Isabel. A única mulher que ousou quebrar o tabu e contestar o machismo foi a Maria de Magdá. Que ficou conhecida pela abreviatura do nome: Magdalena. (Magdá era o nome da aldeia onde nasceu).
