A vida de um jornalista é, antes de tudo, saber que em seu trabalho ele não vai escrever e nem falar tudo que gostaria.
Assim, começo minha coluna escrevendo sobre a perda irreparável da professora, ex-primeira dama de Monte Alto, Rosa Morgado, com a qual convivi muito desde a fundação do PT – Partido dos Trabalhadores – nos anos 80, em Monte Alto. Sei que muitos escreverão sobre Rosinha, como eu carinhosamente costumava chamá-la. Rosa, companheira fiel – em todos os sentidos – de Gilberto Morgado, o “Gilbertão”, que sem dúvida alguma, mesmo com pouco tem à frente do Executivo montealtense, foi um dos que mais investiu na Cultura do nosso munícipio.
Rosa era desprendida do poder, era idealismo puro. Tinha lado na política, o que é raro, já que as pessoas, em sua maioria, remam de acordo com as correntes do rio, são amigas dos cargos e não das pessoas. Eu tive a felicidade de, junto ao amigo Bacalini, visitá-la no hospital durante sua enfermidade e eternizar o momento ao seu lado.
Rosinha era a musa das nossas serestas
Quando o Gilberto e a Rosa se mudaram em uma casa alugada na Av. Marechal Deodoro da Fonseca, fazíamos muita seresta na época. Após cantarmos a noite toda pela cidade, o grupo terminava na casa do Gilbertão, geralmente, com o raiar da aurora. Isso era sagrado, afinal um dos nossos principais cantores do grupo tinha que homenagear sua musa. Chegávamos devagarinho para não acordá-la. Uma destas serestas ficou marcada por um episódio hilariante: “De repente, a gente estava chegando, e deu uma tosse no Pelezinho, que tocava o cavaquinho. Aí, o Dito Moreira começou a chamar atenção do Pelé e dizia; para de tossir. E Pelé respondia: Dito, eu não consigo. E o Dito dizia: tu vai acordar a Rosa. Se vira! Estamos chegando na casa do Gilberto e tu vai acordar a Rosa antes da gente começar a cantar”. E o Pelezinho engolia a tosse, era só risada. Chegávamos, e como sempre, o Gilbertão soltava a voz, e muitas vezes a lua ainda estava no céu.
Não demorava, a janela se abria e a Rosa saia, e o Gilbertão começava a mandar beijos para ela e finalizava nossa noite de seresta com a música: “Olho Rosa na janela, sonho um sonho pequenino. Se eu pudesse ser menino eu roubava essa Rosa…”
A nossa Rosa partiu e foi ao encontro de seu amado Gilbertão para eternas serestas no céu.
Sucessão Municipal
Em toda rodinha que se forma na cidade, na maioria, as conversas são em torno da sucessão municipal.
E sempre vem a pergunta, será que a Silvia vai ser candidata? Será que será? Para rimar, fica no ar.
Quem parte leva saudade
Sempre falo que a vida é um sopro de existência. Na última sexta-feira, dia 18, tocou meu telefone e era minha filha, Dra. Cristiane, que com a voz embargada, muito emocionada, me disse: “Meu Deus, Pai! E eu, já apreensivo, respondi: o que foi filha? O senhor Luiz, senhor Luiz Wada, pai, acabou de morrer em um acidente. Meu vizinho, ainda brinquei com ele ontem pai. Ele estava tão alegre, eu trabalhei até tarde no meu escritório que fica ao lado do bar dele e ouvia ele e o Nelsinho Zaupa brincando com os amigos no bar. Meu Deus, não me conformo pai!”
E foi assim, queridos leitores desta coluna, que fiquei sabendo desta tragédia com nosso amigão Luiz Wada. Porém, Deus tinha uma missão para ele lá no céu. “Luiz, tu deixou muita gente aqui na terra chorando de saudade, porque simplesmente tu era o retrato da alegria dos companheiros, dos teus familiares. Monte Alto com certeza perdeu um grande homem. Mas esta vida é assim, infelizmente todos partem, porém, tem uns que a gente gostaria que ficassem mais tempo aqui e você, Luiz Wada, com certeza era um deles”.
Fica aqui minha homenagem singela, porém sincera, nestas traçadas linha do destino.
OI NÓS AQUI OUTRA VEZ
Olá pessoal, vocês devem lembrar que antes dos pontos de ônibus existentes na cidade, especialmente à beira da SP 305 – Rodovia José Pizarro – existiam os pontos de ônibus do Zé Galinha, marca que ficou registrada, tornando-se até folclórica. Era muito comum uma pessoa perguntar: “Onde te espero? Lá no ponto do Zé Galinha. Qual? Aquele lá do Alvorada ou em outro? Zé Galinha foi vereador e ao perceber que as pessoas ficavam no sol e na chuva esperando ônibus, construiu seus pontos e colocou sua marca, que ficou registrada na memória do povo: “Zé Galinha”.