Há uma luz bem fraca no fundo da sala de aula sendo ofuscada pelos demais colegas. Ela sente medo. Anda preocupada com o seu desempenho inferior do restante. Não consegue dar um passo na sua aprendizagem por mais que esforce. É repreendida a todo o momento e tachada como incapaz. Foi deixada e esquecida lá no fundo para que o sistema educacional tomasse as medidas cabíveis do seu destino escolar. Seu pouco brilho vai se acabando e com isso ela vai desistindo de sonhar com a aprendizagem, pois lhe falta motivação e alguém que possa acariciá-la em verbetes de positividade para que ela possa continuar. Há algo de muito especial nessa luz que ainda ninguém conseguiu enxergar. Há um talento oculto pronto para ser descoberto. Há um sorriso escondido naquele olhar de medo. Há uma esperança naquela atitude desesperançosa. Há um charme de sapiência escondida naquele andar. Mas não há um alguém que possa extrair todas as qualidades dessa pequena luz. Ela está cansada. Cansada de ouvir que nunca vai aprender que não há futuro no seu futuro e que a vida vai surrá-la com o tempo. Pobre luz.
Sua única esperança é alguém que possa fortalecer o seu brilho. Enxergar que ela não tem culpa da sua luminosidade ser tão baixa assim. Alguém que possa pegar na sua mão e mostrar os caminhos da motivação. Olhar fixamente nos olhos e dizer “Você pode!”. Corrigir os erros e fazer a adaptação necessária de acordo com as suas limitações. Elogiar nos mínimos acertos, pois sua melhoria é gradativa e nada como um bom elogio mesmo que seja de um pequeno feito. Esta luz não precisa só de conhecimento, mas sim de amor. Ela precisa saber que tem alguém ao lado querendo o bem. Que quer o bem. Ela precisa se sentir amada, acolhida e principalmente segura nas suas atividades. Ela precisa ser ouvida, ser questionada. Precisa sim ser criticada, desde que sejam construtivas. Ela precisa de outros amigos e precisa que os outros a aceitem. E quando este descobrir o ponto forte dessa luz, não haverá outra luz que ofusque o brilho oculto que havia naquela pequena luminosidade. Não haverá lenços para enxugar as lágrimas de felicidade quando está luz se sobressair sobre as demais. E não há gratidão maior quando ela abrir aquele sorriso que ficava escondido para agradecer o quanto de brilho ela poderá carregar pelo resto da sua vida e o quanto de outros brilhos ela poderá ajudar para que não se ofusquem e nem se apaguem com o tempo.
Há sempre uma esperança numa criança que se isola. Há sempre uma luz apagada na sala de aula querendo brilhar. Há sempre um talento escondido. Há sempre uma estrela na terra.