A solidão é, geralmente, um sentimento triste que acompanha pessoas de todas as idades e em diversas etapas da vida. Para sentir-se só não é preciso estar sem ninguém ao lado, podemos sentir solidão mesmo estando no meio de uma grande festa.
Solidão é um sentimento interno, que depende de cada um e que é mais ou menos resolvido de acordo com a forma como cada pessoa encara seus relacionamentos e seus vínculos e a importância que dá a estes.
Crianças podem se sentir sozinhas mesmo acompanhadas de vários amigos. Casais podem se sentir sozinhos mesmo vivendo uma relação estável. Mas a maior queixa desta sensação, tantas vezes angustiante, é das pessoas idosas.
O envelhecimento, ao mesmo tempo em que promove a riqueza das experiências e da passagem por diversos estágios do desenvolvimento do mundo, aumenta também as vivências de perdas e de referências. Durante o caminho, muitos se vão. E nem todos os que ficam se dispõem a ouvir ou fazer companhia – ainda que silenciosa, mas compreensiva – a pessoa de mais idade.
Existem momentos em que há necessidade de um recolhimento interno, seja pelo peso da dor, da culpa, pela busca do autoconhecimento ou pela necessidade de ouvir nosso próprio silêncio. Esta é a opção da solidão consciente, que geralmente se encerra quando estamos prontos para nos abrir para o mundo novamente. Este é o tipo de solidão a ser respeitado.
A solidão que ninguém escolhe é aquela que traz sofrimento, sensação de vazio, incompreensão e abandono. Estamos sós não por falta de pessoas ao nosso lado, mas por falta de significados e de afetos verdadeiros. De referências e de possibilidade de trocas. Da conquista de novos vínculos e do cultivo dos antigos. Da falta de importância que uma pessoa pode fazer na vida da outra, ou seja, muitas pessoas simplesmente não se importam com a situação e os sentimentos do outro.
Sentir-se só também está ligado a passagens da vida: quando saímos de casa pela primeira vez, quando mudamos de cidade ou de país, quando ficamos longe de nossa família, quando os filhos crescem e vão embora e quando perdemos alguém importante.
Para algumas pessoas, é mais fácil se desvincular de todas estas referências, emocionais e materiais, e alcançar qualidade de vida e felicidade. Para outras, a presença humana, o convívio com os entes queridos é essencial para uma vida plena.
Tão comum e intrigante é este sentimento que a solidão é tema universal na literatura, no teatro, no cinema e já envolveu e provocou tormentos na vida de várias personagens dos romances e das histórias reais.
O que não podemos é nos entregar a este sentimento por mais tempo do que o necessário e ver nossos dias se transformarem em longos e tristes momentos de vazio, observando a vida passar ao invés de fazer parte dela. Para este sentimento permanente existe a possibilidade e a necessidade de ajuda e, através desta, uma perspectiva de melhora.