Olavo Bilac, em um dos seus célebres poemas descreveu a língua bem à característica parnasiana “Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura”. Está língua tão inculta e bela ao mesmo tempo, vem sofrendo variações no decorrer da sua existência, tanto na oralidade quanto na escrita. A língua, na verdade, é um ser vivo: está em constante transformação. Vem modificando cada vez mais com o tempo no intuito de padronizar a escrita dos países lusófonos. No ano de 1990 foi assinado um acordo ortográfico da língua portuguesa, a fim de diminuir ao máximo as diferenças ortográficas, mas sem interferir na pronúncia. O novo acordo acarreta mudanças na grafia de cerca de 0,5% do vocabulário de raiz brasileira e 4% daquele de raiz europeia. Lendo assim, essa porcentagem até parece não colocar medo para os que admiram a flor do Lácio, mas é preciso ter cuidado. Se você achava a gramática difícil, com a nova mudança ela se torna mais confusa ainda. Principalmente nas mudanças que se trata do uso do hífen. É preciso estudar todas essas alterações, pois as novas regras começaram a ser válidas neste ano. Fiquem atentos nos concursos, vestibulares e principalmente nas redações e questões dissertativas.
Faltar-me-ia espaço aqui nesta coluna para falar das alterações. São tantas regras a serem analisadas e estudadas que uma lauda não daria para explanar nem a metade da parte histórica das mudanças ortográficas, quantos menos as mudanças da ortografia.
Voltando na questão do poema de Bilac, com toda essa mudança, a língua está mais para esplendor ou sepultura? A última flor do Lácio vem sofrendo tanto com os castigos gramaticais que chega a ser um paradoxo de vida e morte. Com todas essas alterações, para quem não é acostumado com leitura vai demorar certo tempo para se adequar a nova regra. Até lá vão cavando o sepulcro da língua e deixando o seu esplendor de lado.