Estão preparados para grandes emoções? Esse diário vai relatar a chegada de minha visita mais especial de toda viagem. Minha família! Mas antes de ir pro aeroporto eu me arrumei. Pela primeira vez, desde que sai de casa, eu passei uma camisa. Escolhi a mais bonita que eu tinha, uma bem engomada que o João deixou comigo em Cuba. Passei com todo carinho e fiz outra coisa inédita: Dobrei. Não coloquei no corpo porque se não iria amassar toda durante a viagem. Deixei pra colocar só na hora do encontro. Montei no avião ansioso, faltavam só três horas, 10 minutos e 23 segundos para o grande abraço. Enquanto eu esperava o avião decolar, como eu sabia que eles fariam uma escala em Bogotá, olhando pela janelinha eu pensei: Caramba, eles devem estar chegando aqui no aeroporto…
Aqui segue o segundo pressentimento duvidoso: Eles apareceram, naquele exato momento em que eu pensei. Lá no corredor do aeroporto, fechado por uma parede de vidro eu os vi passando, os 6, com as malas de rodinhas, todos com cara de “perdidos no exterior”. Meu coração quase pulou pela boca e eu me segurei pra não sair correndo, pedindo pra descer do avião, mas as portas ja estavam fechadas e as turbinas ligadas, seria o maior barraco. Me reconfortei quando lembrei que só faltavam 2 horas, 57 minutos e 44 segundos para o encontro.
Decolamos e eu agradeci. Mais uma vez as palavras não foram suficientes para explicar para o meu Paizão o tamanho da minha gratidão, então, aproveitei que eu estava mais perto do céu e simplesmente senti, senti todo aquele amor dentro de mim, com o coração quase explodindo de saudades, ansiedade, felicidade e emoção.
Cheguei no aeroporto de San Andres faltando 1 hora, 14 minutos e 04 segundos, sentei numa lanchonete e lá fiquei esperando. Pedi uma cerveja. As pessoas que estavam do meu lado também estavam esperando familiares. Também estavam tomando cerveja. A dona da lanchonete era uma figura, a Cláudia. Contei toda a história, o pessoal se emocionou. Virei a atração da lanchonete. Todo mundo que entrava ficava sabendo do encontro que estava por acontecer. Três cervejas depois, começamos a cantar musicas brasileiras. Tirei um pandeiro da mochila. A coisa esquentou. Tivemos que parar quando a policia do aeroporto chegou e pediu silêncio. Paramos com o pandeiro mas continuamos cantando e batendo palma. Faltavam 34 minutos e alguns segundos. Depois da quinta cerveja eu ja não sabia quanto tempo faltava. Me perdi em meio a tanta alegria. A minha sorte foi que o pessoal estava tão ansioso quanto eu pelo encontro, e me avisou quando faltavam 5 minutos.
Fui pro banheiro, escovei os dentes, coloquei a minha camisa lavada-passada-e-dobrada, tomei banho de desodorante e fui. Fui pra porta do desembarque. Fiquei ali andando de um lado pro outro, roendo as unhas. No primeiro avião chegaria todo mundo, menos minha mãe, que só viria 2 horas depois. A televisão mostrou que o avião havia aterrizado, o coração já estava na boca. Todo mundo que estava no avião desembarcou, menos eles. Óh meu Deus, não é possível. Até que por fim eles apareceram, foram os últimos a sair. Não da pra explicar o que senti. O primeiro abraço foi com minha irmã. Ela veio correndo, chorando. Eu comecei a chorar incontrolavelmente, do jeito que eu gosto. A abracei e pensei: “Caramba, minha irmã esta chorando por mim, que emoção”. Até que ela exclamou o motivo do choro: “Taaato, roubaram minha bolsa”. Tudo bem. Os tios, o vô e o primo vieram na sequência e eu abracei todo mundo de uma só vez. E dá-lhe choradeira.
Nos acalmamos e sentamos numa mesa, eu não acreditava no que estava acontecendo. Em meio à conversa, minha irmã delicadamente me interrompeu:
– Tato, você ta parecendo um mendigo com essa camisa!!!
– Mas meu Deus do Céu, como assim? Não é possível…
E todo meu cuidado foi por água abaixo… coisas de irmão.
Mas ainda faltava o grande abraço, com a pessoa que me colocou no mundo. Duas horas depois ela chegou, e ai sim eu senti uma das coisas mais maravilhosas da minha vida. Jamais vou esquecer daquele abraço, do que senti naquele momento, daquele choro que lavou a minha alma… acho que nessa parte eu posso exagerar e ser dramático mesmo, não tem problema, é minha mãe. O sentimento daquele momento foi único em minha vida, nunca havia sentido uma felicidade e um alívio tão grandes. É o reencontro com o maior amor do mundo… não tem como ser diferente.
E foi ali que demos inicio a uma semana que foi um verdadeiro sonho. Eu olhava praquilo e não podia acreditar. Ver minha família ali comigo, numa ilha caribenha, todos em êxtase, foi algo que me trouxe uma felicidade tão grande que não cabe em mim. De noite, todo mundo no mesmo quarto. Na cama: minha mãe de um lado, minha irmã do outro e eu no meio, eita coisa boa. De dia, muito sol e praias lindas, com uma água que a gente ainda não conhecia, o mar mais transparente que ja vimos, um sonho. De noite, aquela coisa turística deliciosa: Calçadão, sorvete, pizza e cerveja pra comemorar aquela semana histórica.
Fique com Deus e até semana que vem!
Um abraço cheio de carinho. Beto!