Mônica Hernandes: uma vida dedica à “arte de ensinar”

Após lecionar em Monte Alto e Jaboticabal, e cargos de chefia, professora gozará de merecida aposentadoria

Falar em educação em Monte Alto nas últimas décadas é, com toda certeza, citar o nome da professora Mônica Hernandes. Depois de 34 anos passando seus conhecimentos, seja como professora, ou em cargos de direção, ela se aposentou e recebeu uma singela homenagem da escola Zacharias, último local em que passou. Nesta entrevista exclusiva, Mônica fala sobre o seu caminho na área, alegrias, enfim, a educação montealtense, nos últimos anos, passada a limpo. Confira!

Jornal O Imparcial: Como surgiu o interesse pela pedagogia? Porque optou por essa área?
Mônica Hernandes: Desde pequena gostava muito de ouvir tia Anna irmã de meu pai, contar as histórias de seus alunos em sala de aula. Isto me influenciava a brincar de escolinha, onde eu era professora e minhas colegas alunas. Já gostava de crianças, e ao terminar o ensino médio, ingressei no curso de Pedagogia, em 1982.

Jornal O Imparcial: Qual seu currículo na área?
Mônica Hernandes: Sou Pedagoga com Licenciatura Plena e especialista na área de Didática de Ensino. Participei de vários congressos, cursos, fóruns e seminários, inclusive na área de Dirigentes Municipais de Educação como PRADIME (Formação Continuada de Dirigentes Municipais) na UFSCAR, sempre buscando aperfeiçoamento profissional. Também cursei Letras e Literatura Brasileira.
Em relação aos locais por onde passei, já no primeiro ano do curso de Pedagogia, em 1982, comecei como estagiária no PLIMEC (Plano de Integração do Menor e Família na Comunidade), que funcionava em uma casa na Rua Bahia. Em 1984, ainda como aluna, fui convidada para auxiliar no Maternal do Instituto Castelo Branco, onde trabalhava com crianças de 2 a 3 anos. Em agosto do mesmo ano, ingressei no Estado, lecionando Didática e Estágio no curso do Magistério na Escola Zacharias. Ministrei aulas desta mesma disciplina Escola Estadual “Aurélio Arrôbas Martins” (Estadão) em Jaboticabal e no IEMA em Monte Alto. Com a extinção do Curso do Magistério gratuito pelo Estado, cursei Letras. Comecei, então, a ministrar aulas em Escolas de Tempo Integral, nas Oficinas Curriculares. Trabalhei na Escola Nelly Bahdur, e em Jaboticabal nas escolas: Estadão e Afonso Tódaro.
No período de 1993 a 1996, assumi a Diretoria do Departamento da Educação do Município, convidada pela primeira dama e minha ex-aluna Profª. Silvia Meira. Neste período, com uma equipe muito competente de coordenadores, professores e funcionários compromissados com a ética e responsabilidade profissional, realizamos grandes conquistas nesta área. Em 1997, assumi uma jornada de trabalho maior no Estado, e em 2001 novamente voltei para o Departamento da Educação Municipal até dezembro de 2002.
No período de 2003 a 2008 ampliei a jornada no Estado como professora e depois como vice – diretora das Profª. Maria do Carmo I. Coelho, Teresinha A. Santos Soares e Dalva Simão, pelas quais tenho imenso carinho, pois aprendi muito.
Em 2009, assumi como Diretora do Departamento da Educação novamente, onde permaneci até agosto 2014. Completei meu tempo como Vice – diretora ao lado da grande mestra Profª. Maria Auxiliadora Bacalhau de Menezes, mas permaneci até o dia 02 de setembro de 2018 com a nova diretora Priscila, da qual aprendi também a admira-lá

Jornal O Imparcial: Após se formar, como era lecionar naquela época?
Mônica Hernandes: Naquela época, tínhamos professores comprometidos com a arte de ensinar, e os alunos frequentavam a escola pelo real interesse em adquirir conhecimento e aprender. Havia no meu caso que formava professores, a necessidade de desenvolver nos futuros educadores uma formação sólida. Integrar a teoria com a prática, desenvolver a interdisciplinaridade entre a didática e a prática profissional, a Psicologia, a Filosofia e as Metodologias de Ensino era um grande desafio. Planejávamos diariamente nossas aulas e os alunos se interessavam em aprender. A família estava sempre presente na vida escolar de seus filhos.

Jornal O Imparcial: E hoje, quais as diferenças que você vê no ensino daquela época para hoje?
Mônica Hernandes: Hoje temos a nosso favor o mundo da tecnologia, onde o professor pode usar algumas ferramentas que dinamizam o cotidiano escolar. Por outro lado, em algumas situações, esta tecnologia atrapalha, pois um dos maiores conflitos entre os alunos na escola são as ofensas que acontecem nos finais de semana pelas conversas no WhatsApp, e como o “ponto de encontro” é a escola, eles acabam querendo “resolver” com brigas e discussões. Percebe-se ainda que atualmente o aluno em seu cotidiano tem contato com muitas informações, e cabe ao professor filtrar essas informações e utilizá-las no ambiente escolar. Infelizmente o que mudou muito nestes anos, é a falta de respeito dos alunos para com os professores e funcionários. Na nossa época, tínhamos nossos professores como ídolos.

Jornal O Imparcial: Na educação local, o que você vê de diferente nesses mais de 30 anos?
Mônica Hernandes: A área da educação é complexa, e as leis mudam e se aperfeiçoam constantemente. Após LDB (Leis de Diretrizes e Bases da educação Nacional Lei 9394/96) com a garantia da universalização do Ensino Fundamental, os desafios nesses 30 anos continuam sendo o de buscar um ensino eficiente e diminuir os índices de evasão e a repetência.
Sabemos que alguns investimentos aumentaram com a criação, primeiro do FUNDEF e, mais tarde, do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), mas ainda é pequeno o impacto na qualidade da Educação. Na nossa cidade percebe-se que as escolas sempre trabalham visando à busca da qualidade do ensino, preparando a formação das crianças e dos jovens, para atuarem na sociedade como cidadãos de bem. Muitas vezes, ficamos frustrados enquanto professores e gestores, pois, apesar dos esforços ainda há muito que se investir nesta área.

Jornal O Imparcial: Quais dicas vocês pode dar para quem tem interesse em seguir nesta profissão?
Mônica Hernandes: Para aqueles que escolherem ser professor, saibam que primeiramente é preciso ter vocação, eu diria que é necessário ter “dom”, para ensinar com respeito, paciência e muito amor. Mesmo no mundo em que estamos vivendo, onde os valores estão deturpados, é gratificante a nossa profissão. Os desafios são muitos, mas a colheita é gratificante na maioria das vezes, quando temos a certeza de que estaremos contribuindo para a formação da personalidade das crianças, para o desenvolvimento pleno dos jovens e no caso da Educação de Jovens e Adultos (EJA), abrindo novas oportunidades de inserção no mundo do trabalho aos adultos que não tiveram a oportunidade de estudar na idade certa. Hoje temos a necessidade de “Professores” empenhados e capazes de fazer a diferença. Professores que dominem a “arte de ensinar”, motivando seus alunos para o real sentido da aprendizagem, que é transpor para a vida, para seu dia a dia, todo conhecimento que aprendeu.

Jornal O Imparcial: Qual sua mensagem final?
Mônica Hernandes: Agradeço à todas as pessoas que fizeram parte da minha história. Tenho profunda gratidão pelo respeito, amizade e profissionalismo que conquistei. Ao mesmo tempo em que ensinava, também aprendia com todos vocês! Gostaria de deixar um trecho do Papa Francisco – “Gratidão é a capacidade de trazer à memória, com uma postura de humildade, todo apoio e ajuda que recebemos. Quando reconhecemos amorosamente a bondade em outra pessoa. Quando olhamos para nosso passado com essa atitude de reconhecimento, compreendemos que devemos muito a milhares de pessoas… De fato, a gratidão nos beneficia….. ! Abraços e que Deus nos abençoe!

 

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