Que saudade das coisas que vivi
e que a juventude de hoje
não viverá.
Saudade de pedir a bênção
aos pais e avós.
Saudade de cantar o Hino Nacional
com as mãos no peito
e lágrimas nos olhos.
Saudade de não pensar
na possibilidade
de que aquela criança poderá morrer
de uma doença qualquer,
desconhecida.
Saudade de galinhas de galinheiro
no quintal de casa,
da gemada amarelinha.
Saudade
de tomar guaraná
em dia de festa
e Cuba-Libre
no Carnaval…
Saudade de não poder (re)viver
o “Monte Alto Clube”…
Saudade de comer pipoca doce
na frente do cinema.
Saudade do corado
no rosto de minha mãe
fritando pastéis no fogão à lenha.
Saudade das sobrancelhas
franzidas de meu pai,
quando eu fugia à vigia
e via o namorado no jardim.
E a saudade maior é a saudade de tudo
em que acreditava
estourando como bolhas de sabão.