Rosa Maria Ferreira Gutierrez, montealtense de coração, nascida em Ariranha. Filha de Aminda Canzanezzi e Afonso Ferreira Pinto. Tem uma irmã: Vera Lúcia Ferreira Brighenti. Casou-se com Dr. Manoel Romeu Pereira Gutierrez e da união nasceram os filhos Ana Carolina, Martin Henrique e Gabriela, que lhe deram três netos: Gabriel, Luca e Maria Clara. Iniciou os estudos nas escolas de sua cidade natal. Fez o Ginasial em Taquaritinga. Tinha como planos cursar medicina e por isso, foi para Ribeirão Preto para estudar o científico. Entretanto, ao longo da vida, Rosa seguiu outras profissões. Cursou-se Matemática e Administração. Fez mestrado em Araraquara, na Uniara e especializou-se em Ribeirão Preto, na Unaerp, USP, e também em outras universidades.
Primeiro Emprego – “Meu primeiro emprego foi no Educandário de Ribeirão Preto. Na época, eu cursava Matemática, então, eu trabalhava no reforço junto às crianças. Nos anos 70, mudei para Monte Alto, neste período eu parei de trabalhar, mas sempre colaborei com as instituições em serviços sociais”.
A vinda para Monte Alto, a história de um sonho – “Para mim foi uma grande surpresa vir para uma cidade pequena, já que morávamos em cidade grande. Mas esta vinda se deu através de um sonho de meu ex-marido, o avô que também era médico e chamava-se Romeu. Ele tinha muita ligação com o pai da dona Eliná Camargo, o sr. João Thiago de Camargo. O avô do Manoel era de religião espírita e acreditou que seu sonho fosse um sinal do avô conduzindo-o à cidade sonhada. Seguindo esta mesma linha de raciocínio, algumas pessoas daqui de Monte Alto diziam que haviam mensagens mostrando que chegaria um médico com as mesmas características do Manoel, meu ex-marido. Então, chegamos à Monte Alto, sem nada. Inicialmente, meus pais tiveram que nos ajudar, buscamos o apoio também dos nossos únicos amigos na cidade naquela época, que era a família da dona Eliná Camargo. Moramos durante um ano de aluguel até que nossa casa ficasse pronta. O primeiro consultório pediátrico do Manoel ficava na Rua Rui Barbosa, onde era a loja que o seu Najib fechou. Depois viemos onde está até hoje”.
A ligação com o Meio Ambiente – “Eu sou apaixonada pelo momento em que vivemos, eu sempre acreditei no hoje, tudo o que acontecia antes era ultrapassado e a mudança precisava existir. O meio ambiente estava sendo destruído e não podemos deixar que isso aconteça, pois desta forma, não vamos deixar legado às nossas futuras gerações. Eu falo para meus alunos: ‘Deixem de ser velhos, sejam novos e olhem para o futuro’. O velho é ultrapassado é ruim e cuidar das diferenças, preservar o meio ambiente, inovar é o hoje, é o nosso momento”.
Mãos à obra pelo meio ambiente – Perguntada por este colunista como deu início ao contato com as plantas e produtos orgânicos, tendo sido uma das pioneiras no segmento em Monte Alto e região, Rosa respondeu: “Eu fui aprender, coloquei a mão na massa… Fiz cursos, comecei na fazenda e fui desafiada. Eu chegava ao campo e os homens achavam que eles iam me vencer, pois a grande afronta era uma mulher vaidosa, com chapéu, unhas feitas, fazendo trabalhos agrícolas. Entretanto, eu enfrentava, pois eu sempre soube o que queria e fui persistente”.
O aprendizado da vida do campo – “A fazenda é minha, e estou neste meio até hoje. Eu ia para o campo de salto, pois trabalhava numa área totalmente diferente, que é da universidade, dando aulas… Hoje eu não trabalho mais com produtos orgânicos, pois as pessoas achavam que por eu ser mulher pensavam também que eu era incompetente. Enfrentei a todos e isso me fez parar com a produção orgânica. Esta ligação com os orgânicos que tive, Alencar, me fez enxergar a Terra de maneira diferente, que foi uma das grandes riquezas da minha vida. A Terra é vida, ela respira, nos dá resposta e precisa ser tratada como tratamos todo o ser humano. Ela nos gera a vida e devemos agradecê-la por isso. Este foi meu grande aprendizado, que considero também romântico. Quero contar um fato muito marcante em minha vida: um dia eu estava na fazenda, estávamos plantando cebola e tinha pomar de laranja formado ao lado. Quando eu saí na porta da fazenda, por volta das seis horas, estava irrigando a cebola, a laranja ao lado florindo e sol batendo. Naquele momento eu sabia que meu Jesus estava falando comigo. Sempre tive o hábito de ‘conversar’ com a terra e com as plantas”.
FAN: Como tudo começou – “Depois dos trâmites legais feitos pelo saudoso diretor Marciano Nogueira para a instituição da faculdade juntamente com professora Maria do Carmo Iroch Coelho, fui procurada em minha casa por indicação de dois professores da USP de Ribeirão Preto e São Carlos. Eu estava afastada da Unaerp, porém, não dispensada. E assim começou minha história com a FAN. A Vanessa Pereira chegou primeiro, eu em seguida e depois a Maria do Carmo. Estou lá até hoje, completando 19 anos de trabalho dedicados à educação na FAN”.
Mensagem – “Que os jovens não tenham ilusão que as coisas caiam fáceis. Mas temos que aprender a decodificar o que acontece ao nosso entorno. É preciso trabalhar e ter amor ao que fazemos”.