Nas horas marcadas
em relógio
sem números e ponteiros
fazem-se vazios
os dias.
E o tempo escorre e rola
pelo abismo
insondável
do nada…
Nada para preencher
o desejo
de algo que não sei.
E caminho
por que tenho que caminhar.
No movimento de braços e pernas
de sorrisos, gestos e falas
existe a certeza do impulso
mecânico.
Cessará um dia
essa angústia
como o relógio sem corda
máquina sem força
animal sem alimento
alma sem alento.
E a estrada
prosseguirá sempre,
interminável
à procura do caminhante.