Escuto a chuva lá fora,
batendo nas folhas
pingo a pingo.
Ela chora, eu sinto…
Choro com ela,
pois não quero lembranças.
Quero descobrir-me
nas coisas mais banais.
Quero despojar-me
de todas as folhas
como fazem as árvores.
Quero seguir o meu caminho
sem levar comigo
as mortas ilusões
inúteis e já vividas.
Quero procurar-me
na difícil busca
dispersa que sou,
na face das coisas
que chegam e que passam.
Em que espelho
ficou perdida a minha face?
Há de chegar o tempo
Pois o plantio foi feito…
E a chuva que cai
lá fora me garante
que da terra
fecunda e fértil
hão de brotar
esperanças renovadas…
… E eu me encontrarei
na poeira
da estrada molhada.