Passados alguns dias após o carnaval, hoje quero falar sobre a Campanha da Fraternidade – 2018, que teve início na quarta-feira de Cinzas. “Fraternidade e Superação da Violência – Vós sois todos irmãos”.
Esta Campanha que fazemos durante a quaresma é um chamado para todos nós. Quando alguém consegue vencer uma grande provação ou tentação sem se afastar de Deus, sai dela fortificado. E isso pode acontecer com qualquer um de nós – vencendo a tentação e a provação sem se afastar de Deus, ficaremos muito mais fortes.
Com coragem, força, humildade e mansidão, a vida será mudada e para iniciar um mundo novo, mudemos também a nossa vida.
Que bom seria se a cada quaresma conseguíssemos vencer uma tentação e mudar alguma coisa ruim da própria vida.
A proposta desta Campanha “Vencer a Violência” é aproveitar os quarenta dias da Quaresma para propor uma mudança bem específica – é a vitória sobre a violência. Essa tendência horrorosa não deve ser conseguida: querer conseguir ou conquistar nossos objetivos usando da violência. Parece-nos difícil reconhecer um ato violento ou um sistema de vida violento. A violência entrou em nossa cultura, no nosso jeito brasileiro de ser.
Como ela é tratada, principalmente pelos meios de comunicação, parece que está presente só entre os criminosos. E não é assim. Estudos feitos mostram que uma grande proporção de assassinatos é cometida por impulso ou motivos bobos como a desavença entre vizinhos, ciúmes, desentendimentos no trânsito, desconfianças, traições, conflitos dentro de casa. E com tantas formas parece normal as reações violentas diante de um conflito se convertendo em indiferenças. E… ninguém, ou quase ninguém, fica mais assustado com a violência.
E essa cultura, essa interpretação sobre violência, atrapalha, interfere, nos surpreende quanto à avaliação da realidade. Meios existem para se educar, para se conviver melhor, para direcionar, para resolver objetivos, para tornar fáceis os desafios sem violência. O respeito, o crédito, a verdade, o compromisso, a lealdade, o relacionamento, a educação, a aceitação, fazem-nos errar menos, e não sermos violentos.
Rezemos por todos os que sofrem violência – e que reúnam forças para superá-la. Vamos promover a PAZ, A RECONCILIAÇÃO, A JUSTIÇA.
E uma história contarei.
“Padre Adriano estará em missão por uma cidade aos arredores de sua terra natal e quando retornava de carro para a Paróquia, se deparou com um homem caído na estrada – gritava muito e pedia socorro.
O padre para seu carro – era um jovem muito machucado. Coloca-o no carro e com muito cuidado, leva-o ferido para a casa paroquial – não havia nenhum recurso médico que o socorresse. O padre trata o rapaz, que por ser forte, logo se recupera.
Iria partir então. E o fez.
– Deus lhe pague por tudo! O Senhor salvou minha vida! Agora vou atrás do homem que roubou minha bagagem. Vou tirar o que ele tem e vou mata-lo, assim como ele fez comigo.
– Está vem, disse o padre. Faça o que quiser, mas antes me pague os dez mil reais que me deve.
– Mas eu não tenho nada, diz o jovem assustado.
– Se não pode pagar pelo bem que recebeu, com que direito quer cobrar o mal que lhe fizeram? – diz o padre.
O jovem ficou confuso.
E o padre continuou:
– Não seja movido pelo mal que lhe provocaram, se inspire no bem que lhe salvou.
O rapaz saiu dali pensativo e acabou desistindo da vingança”.
A violência foi superada!