ANOS LUZ
Quando o mundo não conhecia a informação transmitida em massa, o Pensamento Único era justificado. A evolução mudou a transmissão rudimentar das informações e surgiram gradativamente os sistemas de comunicação. No início foram os mensageiros, que anunciavam as novas que, muitas vezes, ao chegar ao destino, eram velhas. Por exemplo: se um rei mandava uma mensagem a um reino vizinho, a notícia chegava ao destinatário defasada, porque o remetente estava morto. Era comum em algumas sociedades, o mensageiro de novidades ruins ser morto ao transmiti-las.
Surgiu desse desencontro de informações o Pensamento Único. Todos pensavam a mesma coisa com base na informação recebida. Quando isso acontece ocorre outro fenômeno, se todos pensam igual ninguém pensa nada. Com a internet, que intensificou a informação, o Pensamento Único voltou com tudo. Todos pensam com base no que informa a digitabilidade, não como checar a informação, porque não existe a credibilidade. Logo parece que nos tornamos uma floresta habitada apenas por leões, todos são reis sem domínio de ninguém. Pode ocorrer uma implosão intelectual!
LIBERDADE
A Lei da Abolição da Escravidão no Brasil, datada de 13 de maio de 1888, foi conhecida como Lei Áurea (Lei do Ouro), o que é uma verdade incontestável. Na história do país, nenhuma lei foi mais importante, nem o decreto de emancipação do Brasil do jugo de Portugal.
O mundo sempre teve escravos, até a Bíblia e outros livros religiosos aceitam a prática como normal e legal. Nas antigas civilizações os habitantes nasciam escravos e assumiam sua condição normal. No brasil foi diferente, o africano nascia livre na sua terra e era capturado para ser vendido como escravo. Ele não podia escolher entre ser ou não escravo e sofrer as consequências da sua condição. Era uma mercadoria colocada em terra estranha. A abolição não concedeu a liberdade ao escravo, apenas o colocou na ilegalidade. O escravo legal tornou-se um servo fora da lei, não havia escolha, tinha que trabalhar em troca de comida e moradia, não tinha lei que o amparasse. A Lei Áurea colocou na clandestinidade 700 mil negros, tanto escravos como antes. Não conseguiam sequer sonhar com o repatriamento!
PENA MÁXIMA
Muita gente pede a pena de morte no Brasil, principalmente parte criminosos hediondos. Apenas para registrar, até 1855 a pena de morte existia no Brasil, foi D. Pedro II que a anulou. Isso aconteceu porque no interior de Minas Gerais, uma família foi chacinada e o pai foi acusado do crime. Depois de enforcado, foi provado que era inocente.
Em 1969 outra lei permitia a pena de morte, foi obra dos três ministros militares que assumiram o governo com a doença de Costa e Silva, o titular. Seu vice, Pedro Aleixo, por ser civil não assumiu a presidência. A pena de morte ocorreu com o Ato nº 14. O primeiro e único condenado à pena máxima por fuzilamento foi Theodomiro Romeiro dos Santos, militante do PCBR. Ele era menor, tinha 19 anos e foi perdoado para cumprir prisão perpétua. Depois de torturado na prisão, fugiu e acabou exilado no México.
FUZILAMENTO
Theodomiro, quando fugitivo, procurou refúgio na Nunciatura Apostólica (Embaixada do Vaticano). Seu asilo não foi aceito pela entidade que o encaminhou para a embaixada mexicana. Mesmo com a anistia, em 1979, Theodomiro não voltou ao Brasil. Quem se lembra do Jô Soares pedindo no seu programa de humor: volta Theodomiro, volta? Com o fim da ditadura, ele voltou e trabalhou no Rio Grande do Norte, numa empresa de eletricidade. Morreu no ano 2000.
Os três militares que assumiram o poder foram Augusto Radamaker, Aurélio Lira Tavares e Márcio Souza Melo. Quando o humorista, Ronald Golias, na Tupy, perguntou no ar, ao vivo, por telefone, quem era o presidente da república de plantão, um pelotão do exército o esperava no final do programa na saída da emissora.
CENSURA
A ditadura de 1964/1985 gostava de uma censura, principalmente na música. Os movimentos jovens, Bossa Nova, MPB, Jovem Guarda e Tropicália tiveram músicas censuradas, principalmente Tropicália, de Gil e Caetano. Quem passava numa boa era a Jovem Guarda, capitaneada por Roberto Carlos, eram chamados de alienados, porque não se importavam com a política. Chico Buarque, da MPB, foi o campeão da censura.
Todas as músicas do Chico sofriam censura, não era pela música, era pelo autor. Por um tempo ele driblou os censores, usando o pseudônimo de Julinho de Adelaide. Quando foi obrigado a mandar foto, Chico disse que o Julinho da Adelaide tinha o rosto ferido por causa da “violada” que tomou do Sérgio Cardoso, que quebrou o violão e o atirou na plateia depois de uma vaia no festival de música popular na TV.
BRASA, MORA!
Quando Caetano Veloso foi preso e exilado, os tropicalistas pediram a Roberto Carlos, da Jovem Guarda, que fizessem um manifesto de apoio ao cantor. Rigoroso dentro da linha adotada pelo seu movimento, Roberto Carlos disse que faria uma música para chamar a atenção do público, quanto à situação de Caetano.
Ele fez: “debaixo dos caracóis dos seus cabelos”. Apenas ele e Erasmo sabiam da intenção da musica.
SAUDADE!
Dos velhos álbuns de recordação, que a juventude trocava, com mensagens e poemas. Valiam desenhos e mensagens cifradas também. Na esteira estavam os populares correios elegantes. (Um cartãozinho trocado nas quermesses entre os brotos). O que é isso, broto?