Uma grande dificuldade de todos os educadores em nossos dias, sejam eles os próprios pais, professores e até profissionais que trabalham com crianças, é definir limites, quando e como dizer não.
Nossa rotina corrida encontra os pais cada dia mais ocupados com os compromissos profissionais e com pouco tempo livre para acompanhar o desenvolvimento dos filhos e dedicar-se a eles, como sentar junto para brincar ou simplesmente perguntar como foi o seu dia.
Os pais se sentem perdidos, pois sabem que possuem pouco tempo para o convívio familiar e, alguns, não conseguem dizer não por sentirem-se culpados por esta ausência. A escola também se vê limitada, pois sozinha não educa e grande parte dos limites começa dentro de casa. Crianças naturalmente testam as regras dos adultos e, percebendo que têm espaço, começam a se comportar de forma inadequada prejudicando seu desenvolvimento e o convívio com as outras pessoas da família ou do grupo social.
Criança que não ouve não, não aprende a tolerar frustrações. E quantas vezes nós mesmos nos deparamos com nossos próprios “nãos”? Quantas vezes o que planejamos não acontece como desejamos ou como esperamos?
A criança é igual. Quer a comida do seu jeito, na sua hora. Quer aquele brinquedo da loja e pronto. Quer aquela bolacha do supermercado, mesmo quando já tem várias no carrinho. Não quer ir para a cama naquele horário, muitas vezes ainda não entende que nem tudo o que vê não pode ser seu e que muitas coisas devem ser divididas.
E criança saudável testa mesmo a paciência do adulto! E o que mais seria este teste senão um pedido de limite? A criança precisa do parâmetro do adulto para saber até onde pode ir, precisa da delimitação do que pode, ou não, ser feito. Se este adulto, preparado para tal função, não lhe direciona neste momento, como podemos esperar que esta mesma criança saiba diferenciar o que fazer quando se vê confrontada com situações de dúvida ou de frustração?
Os limites e regras são colocados primeiramente pelos pais, dentro de casa e em um segundo momento pela escola: o primeiro convívio social da criança e também seu primeiro grande desafio. E, enfim, no terceiro momento – que vai ser experimentado por toda a vida – pela sociedade e o meio em que vive.
Limite não significa proibir a criança de ter seu próprio espaço e explorar o ambiente através de suas brincadeiras; também não significa que ela não deva ser ouvida e compreendida nos seus erros, razões e limitações. Pelo contrário, diálogo e limite caminham juntos.
E a dúvida sempre presente é: qual a medida para este limite? Não existe receita para esta resposta, mas um bom caminho é realmente conviver com a criança e aprender com ela.
No ambiente familiar, promover um convívio harmonioso e coerente com as regras que se pede; oferecer recursos que passam pela compreensão, pela orientação e pelo apoio do adulto, para que a criança entenda e aprenda a lidar com suas frustrações e, assim, crescer e se desenvolver de maneira plena e saudável.