A educação não precisa de livros. Não precisa de mais bibliotecas. O que ela precisa é de leitores. Pessoas que possam construir um senso crítico através da leitura e principalmente das suas vivências. Pessoas que possam propagar o bem que o ato de ler provoca no ser. Pessoas engajadas em contar uma história a uma criança. Pessoas que possam despertar a prática da leitura. Precisamos libertar as crianças que são reféns da tecnologia por uma questão pedagógica familiar – esta tão maléfica e desnecessária – e os jovens da procrastinação. O ato de ler é sagrado. O bom leitor e fiel às suas leituras diárias é testemunha disso. O que se vê por ai são pessoas alienadas. Escravos de um aparelho na mão e de um fone no ouvido. Há tantas páginas para saborear; há tantos versos para declamar; tantas histórias para ler e contar. Há tantas folhas ainda para serem escritas pelos magos da literatura. Mas o mundo contemporâneo não permite desfrutar das deleitosas leituras. Há sempre uma desculpa para evitá-la. Uma pena. Ela transforma pessoas. Leva-nos ao mundo jamais imaginado e sonhado. É uma paz abstrata que se sente no ato de ler. É um monólogo. As digressões são constantes em cada capítulo. É aprendizado. O que diria nossas lendas literárias, nossos ilustres autores ao se depararem com a realidade hodierna? Fernando Pessoa já dizia que “nenhuma ideia brilhante consegue entrar em circulação se não agregando a si qualquer elemento de estupidez.” Há tanta banalidade por ai que daria para ser consertada com as vastas horas e momentos de leitura que a estupidez humana não teria espaço na sociedade. Nem a estupidez e muito menos a ignorância. Há uma transformação na leitura, mas não há a vontade de transforma-la em hábito. Se nos falta à vontade, que nos embriaguemos então de estupidez. Um brinde aqueles que não propagam esta transformação. São traidores de uma nação que tenta evoluir não só através de uma educação de qualidade, mas também na construção de um público leitor que possa edificar o seu intelecto.